Objetivo: compreender os impactos do retorno ao trabalho após a licença maternidade remunerada ou não, na perspectiva de mulheres trabalhadoras em meio a pandemia de Covid-19. Método: estudo qualitativo com mulheres trabalhadoras que retornaram ao trabalho após licença-maternidade, independente do vínculo empregatício. Dezessete mulheres participaram de entrevistas online, seguindo um roteiro semiestruturado, entre fevereiro e agosto de 2021. A análise temática de conteúdo foi realizada simultaneamente à coleta de dados e a amostra delimitada por saturação teórica. Resultados: o retorno ao trabalho influenciou a continuidade da amamentação, mesmo no trabalho remoto; a dualidade entre a carreira e o cuidado com os bebês comprometeu a satisfação no trabalho, devido a frustração com o desempenho profissional; identificada falta de apoio com os cuidados com o bebê (creches), reforçada pela pandemia. Conclusões: o retorno ao trabalho provocou nas mulheres tanto sentimentos negativos relacionados principalmente à separação, quanto reflexões sobre o sentido do trabalho. Impactou na amamentação e na qualidade do vínculo com o bebê, principalmente em mulheres sem direito à licença-maternidade protegida. Os empregadores e o Estado devem valorizar esta problemática a fim de assegurar o afastamento e retorno ao trabalho protegido, independente do vínculo empregatício, com intuito de proteger a saúde materno-infantil.