Paulo Freire tinha razão ao afirmar que somos seres condicionados, mas não determinados, seres inacabados, inconclusos, incompletos. Por isso mesmo, somos seres em constante aprendizado. É o que me proporcionou a leitura deste livro precioso.Como ser condicionado, não determinado, inicio este prefácio afirmando minha satisfação na leitura dessas Letras para a Liberdade, em tempo de ameaças à democracia e aos direitos humanos, o que me leva a realçar a atualidade e a vigência da escrita dos autores e autoras desta obra.Este livro é apresentado com uma citação de Theodor Adorno para, desde as primeiras palavras, nos apontar qual será a senda a seguir daí para a frente, nas trilhas da emancipação, orientados e orientadas pelo pensar crítico.Assim como estes escritos foram produzidos num certo contexto e a partir de uma certa leitura do mundo, este prefácio não poderia estar descolado do momento presente, de tempos obscuros, de tempos de "barbárie", diria Adorno. No final de seu livro Educação e emancipação ele se pergunta sobre o que é a barbárie. E responde, em seguida, que é "algo muito simples". A barbárie não está só no genocídio, na tortura, nas guerras, mas, em outras formas de opressão, no preconceito, no ódio, na intolerância, na fome, na reprodução das desigualdades e toda forma de violência. Para ele, a educação emancipadora é aquela que reorienta todos os objetivos educacionais a esta prioridade: superar esse "ódio primitivo" que põe em xeque "a própria civilização". Em outras palavras: emancipar é desbarbarizar.O capítulo 17, por fim, de autoria de Joselma Maria Noal e Wellington Freire Machado, aborda a intersecção do ensino, da pesquisa e da extensão como caminho para superar as dificuldades no ensino de língua espanhola na modalidade remota, no ensino superior público devido à pandemia do covid-19. Este capítulo demonstra a importância do papel do professor na implementação da referida modalidade e na construção de um espaço de formação crítica.Esta é a obra. Ela foi produzida por professores que lutam por uma educação cujos pilares fundamentais são, fazendo eco a Paulo Freire, o diálogo e a ação. Sendo essa obra uma proposta tanto de diálogo quanto de ação, desde já entendemos você, nosso leitor, como companheiro nessa luta pela educação crítica e libertadora.Boa leitura!