Consciência Fonológica E a Escrita Para Libras Sel

Abstract

Este estudo se constitui como uma investigação inicial dos efeitos de um sistema de escrita de línguas de sinais na consciência fonológica de falantes de Librassurdos e ouvintes. Objetivamos analisar os níveis de consciência fonológica de usuários da Libras a respeito dos macrossegmentos Mão (M), Locação (L) e Movimento (Mov) e traços distintivos conforme estudos de Lessa-de-Oliveira (2012, 2018 e 2019), antes e após aprendizagem inicial de um sistema de escrita de Libras. O trabalho aqui proposto é de caráter experimental transversal, ancorado no quadro teórico gerativista (CHOMSKY, 1995), contando com o total de dezesseis informantes: oito sujeitos ouvintes bilíngues Português/Libras e oito sujeitos surdos adultos: três com aquisição da Libras na infância e cinco com aquisição da Libras pós-infância. Utilizamos a escrita SEL – Sistema de Escrita de Libras – por se tratar de um sistema de escrita trácico-fonêmico, não logográfico, com opção de escrita mecânica e manuscrita. Para identificar o nível de consciência fonológica dos macrossegmentos e traços distintivos da Libras, antes e após a aquisição inicial de um sistema de escrita dessa língua, por surdos usuários da Libras com aquisição natural e tardia e por ouvintes bilíngues Português/Libras, aplicamos um teste elaborado com base em leituras dos testes de: Consciência fonológica da Libras (CRUZ, 2016), Consciência fonológica de línguas orais (MOOJEN et al., 2003) e Consciência Fonológica em crianças pequenas (ADAMS, 2006). O nosso teste foi denominado ‘Teste de Consciência Fonológica da Estrutura MLMov’ (TCFE-MLMov). Reaplicamos o TCFE-MLMov após ensino simplificado da escrita SEL, com a finalidade de identificar e descrever os efeitos fonológicos para a consciência linguística no nível fonológico a partir do uso dessa escrita. Constatamos que, assim como usuários das línguas orais, surdos usuários da Libras sem acesso a informações linguísticas sobre a estrutura do sinal, praticamente não apresentam consciência fonológica explícita a respeito dessa língua. Não observamos diferenças de consciência fonológica entre informantes surdos com aquisição da Libras na infância e pós-infância. Observamos certa diferença de consciência fonológica entre surdos e ouvintes usuários da Libras com algum nível de letramento. Comprovamos também que a aquisição de um sistema de escrita de Libras, ainda que parcial, possibilita o reconhecimento e a comparação dos segmentos articulatórios dessa língua.

História Da Comunidade Surda Montes-Clarense

“…Segundo Gesser (2009), até a década de 1970, as línguas de sinais eram consideradas ágrafas, ou seja, sem escrita, pois não possuíam uma forma de registro próprio. Barreto (2015) afirmam que:…”

“…Para contextualizar a presente pesquisa de cunho qualitativo, metodologicamente, foi realizado um levantamento bibliográfico preliminar, mediante revisão de literatura sobre a história dos surdos no Brasil e a escrita de sinais, de obras que abordam a escrita de sinais como método de ensino de aquisição da modalidade escrita da Libras e da Língua Portuguesa, a saber: Barreto (2015); Augusto (2022); Pereira e ; e Moreira e Rosado (2020). Esses trabalhos serviram consideravelmente para os passos metodológicos percorridos.…”

“…Dessa forma, em 1972, a professora e coreógrafa norte-americana Valerie Sutton criou para uso próprio, um sistema de notação dos movimentos da dança chamado DanceWriting, que possibilitassem o registro dos movimentos utilizados em suas coreografias. Este sistema de notação acabou por chamar a atenção de pesquisadores dinamarqueses, que convidaram Sutton para ir à Universidade de Copenhagen aplicar o DanceWriting em transcrições de sinais produzidos em vídeos em língua de sinais Barreto, 2015).…”

“…Vale ressaltar que, durante este processo, Sutton deixou claro que não possuia conhecimento da Língua de Sinais Dinamarquesa, mesmo assim, tentou ao máximo registrar o maior número de detalhes possíveis da execução da sinalização assistida (Soares, 2022). Durante o processo, ela percebeu que, ao aplicar o seu sistema de notação à Língua de Sinais Dinamarquesa através do registro dos movimentos dessa língua, ela estaria, de fato, registrando uma língua Barreto, 2015). Foi então que, em 1974, originou-se o SignWriting -SW através da adaptação do DanceWriting à língua de sinais.…”

“…Atualmente, somente a plataforma gratuita online do SignPuddle é utilizada, proporcionando a criação de dicionários bilíngues para compor sinais, enviar e-mail em SW, editar textos, pesquisar sinais através da língua oral do país em questão, via língua de sinais escrita, e, até mesmo, por grafemas. Destaca-se, também, que a plataforma utiliza o International SignWriting Alphabet -ISWA 10 -, ou seja, o conjunto de grafemas e símbolos que compõem essa escrita Barreto, 2015).…”