O trabalho analisa permanências e mudanças nos padrões de participação associativa no Brasil a partir de duas unidades de análise: a dimensão referente ao volume e às características do tecido associativo, e a dimensão do engajamento dos indivíduos em associações. A primeira explora a evolução recente do associativismo no país, que é medido pelo número, pelo perfil e pela área de atuação das associações. A segunda considera essa evolução da participação no âmbito do engajamento individual, tomando-se o número de pessoas que alega participar de associações. Para tanto, o trabalho está embasado em dados de pesquisas de opinião pública do projeto World Values Survey e nos estudos sobre Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos no Brasil (FASFIL)/Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e sobre o Perfil das Organizações da Sociedade civil do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Os dados mostram que, nas últimas décadas, o Brasil testemunhou um importante crescimento na criação de associações – e que se refletiu na maior diversificação interna desse universo – embora o número de indivíduos engajados não tenha acompanhado esse crescimento. Sugerimos que a ampliação do associativismo se refletiu apenas seletivamente no plano do engajamento individual, e que o perfil específico de associações que encontrou terreno favorável ao crescimento no período, de caráter mais profissionalizado, ajuda a compreender a diferença apontada nas duas dimensões.