Constituição de corpus de gêneros textuais jornalísticos para investigação de variedade(s) culta(s)

Abstract

Neste relato de experiência – parte de uma pesquisa de Doutorado em andamento –, descreve-se a etapa referente à composição de uma amostra de escrita culta, formada por gêneros textuais publicados no jornal O Globo (Rio de Janeiro), cuja constituição atende a um dos objetivos da investigação. O estudo toma como base os pressupostos da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968; LABOV, 1972) para composição de amostras que possibilitem investigar o comportamento das regras variáveis e seus condicionamentos. Consoante Vieira (2019), cuja proposta assume a conceituação de norma culta e norma-padrão (FARACO, 2008), buscou-se compor uma amostra de gêneros jornalísticos para estudo de fenômenos linguísticos na perspectiva do continuum fala-escrita (BORTONI-RICARDO, 2004; 2005; MARCUSCHI, 2001; 2010). O corpus organizado foi composto por sete gêneros textuais (artigo de opinião, carta de leitor, crônica, editorial, entrevista, notícia e tirinha) – cada um com cerca de 20.000 palavras – e editado de modo que fosse manipulável por computador, conforme preconizado pela Linguística de Corpus (SANCHES, 1995).

Gênero, hipergênero e suporte em ambiente digital: a aplicabilidade de conceitos da linguística de texto frente ao ciberespaço

“…A página confere, portanto, ao usuário apenas a possibilidade de sistematizar seus conteúdos, os quais serão enunciados por meio de um gênero, o que já marca uma de suas particularidades frente a um gênero discursivo tradicional. Isso posto, a discussão parece nos conduzir à conclusão de que a página de Facebook seria, então, um suporte textual, mas isso também não se sustenta, visto que ela fixa, sim, gêneros em sua estrutura, mas esses gêneros se organizam a fim de cumprirem um único objetivo interacional e uma única vontade discursiva: tratar da temática da página e, portanto, formar, nos termos de Lima (2013), um bloco retórico de conteúdo.…”

“…Em outras palavras, considerando o que é defendido por Lima (2013), podemos afirmar que quando os posts de Facebook firmam entre eles um elo na sequenciação composicional e retórico-discursiva, dentro de uma página, efetivam uma relação de coordenação, haja vista que eles se estabelecem em esferas gráficas adjacentes e tratam de uma mesma temática. Todavia, os posts, ainda que estejam próximos (graficamente falando) e sejam tematicamente congêneres, não sustentam entre si um vínculo de encaixamento e/ou dependência de sentido.…”

“…O artigo "Gênero, hipergênero e suporte em ambiente digital: a aplicabilidade de conceitos da Linguística de Texto frente ao ciberespaço" analisa três conceitos (gênero discursivo, hipergênero e suporte textual) relacionados a textos digitais. Para isso, utiliza-se de referencial teórico relevante, tal como de Bakhtin (2016), Bonini (2011), Lima (2013 e Marcuschi (2003Marcuschi ( , 2008Marcuschi ( , 2010.…”