Apesar desse empenho, longe nos encontramos de superar o potencial criativo da realidade observada. Muitas e diversas maneiras, formatos e estratégias de superação das vicissitudes da vida estudantil encontramse em gestação e em produção; serão certamente identificadas e estudadas no processo de aproximação ao conjunto temático de questões. De fato, é preciso reconhecer que a principal instituição contemporâ-nea do conhecimento e da cultura que, há quase um milênio, ganhou o nome de Universidade, define-se justamente por suas múltiplas facetas. Por este motivo, Clark Kerr (2005) chegou a propor mudar seu designativo para multiversidade.Não obstante tanta diversidade, ressalta o caráter de transição na formação dos sujeitos desempenhado pela educação superior (ALE-XANDER, 2002) e o papel de iniciação na cultura ocidental contemporânea propiciado pela vida universitária . Deixemme tomar um exemplo ilustrativo dessa diferenciação. Trata-se das etapas ou modos de escolaridade: primeiro, no nível inicial de educação, tipicamente os alunos estão numa mesma sala, com um mesmo professor. O tradicional tratamento de "Tia" revela a flagrante personalização de relações, com base num vínculo arcaico, tipo familial. Na segunda etapa da formação, nos níveis escolares médios, muda o padrão de educação: os alunos ainda tendem a ter aulas na mesma sala, mas com vários professores. No que se convencionou chamar de terceiro grau, ou nível superior de educação, multiplicam-se os espaços de aprendizagem e os agentes do processo: estudantes mudam constantemente de ambiente físico, contando com vários mestres. Evidentemente, essa diversificação de padrões territoriais e relacionais se faz acompanhar por diferenciação equivalente de produção simbólica, de regras de conduta, de circulação significante, de culturas, enfim. (WOODS, 1999) Fazendo jus à prerrogativa da crítica no espaço acadêmico, gostaria de comentar que o termo observatório implica uma metáfora por referência a método. Pode-se fazer a distinção ou contraste entre os espaços históricos (ou míticos) da pesquisa científica: laboratório, observatório, campo. O laboratório constitui o espaço do controle da pes- 11 quisa científica mediante a artificialização total ou parcial do ambiente experimental, nele realizando intervenções e interferências em maior ou menor grau. O observatório é um dispositivo panóptico no sentido foucaultiano (FOUCAULT, 1996) que implica distanciamento, tendo o observatório astronômico como paradigma, além da capacidade de monitoramento ou sensoriamento global.Nesta perspectiva, define-se campo como espaço ativo de observação, coleta de dados e produção de fatos. O campo da pesquisa, em franco contraste aos espaços anteriores da ciência, por sua vez, tem sido muito comum nas ciências ditas culturais, em especial na Antropologia. Nesse sentido, campo indica imersão, participação (oposto ao distanciamento) e completa ou parcial falta de controle (oposto ao ambiente experimental). Vêm daí os conceitos metodológicos instrumentais de trabalho de campo, ...