Introdução: A dispepsia funcional é uma síndrome gastrointestinal desafiadora pelos diversos fatores que podem gerá-la e pelos critérios exigidos para diagnosticá-la. Entretanto, é possível entender o perfil epidemiológico e clínico de seus portadores, bem como identificar a influência de algumas condições em suas manifestações. Objetivo: avaliar a prevalência da dispepsia funcional e caracterizar os aspectos epidemiológicos e clínicos. Metodologia: estudo prospectivo, transversal, tipo survey inquérito, com pacientes dispépticos encaminhados ao serviço de endoscopia digestiva alta. A amostra foi composta por 859 indivíduos com diagnóstico clínico de dispepsia, sendo aplicados questionários autoexplicativos: sociodemográfico, Inventário de Ansiedade de Beck, Inquérito de Depressão de Beck e o questionário de ROMA III. Resultados: do total de entrevistados, 36 (4,19%) preencheram os critérios ROMA IV para dispepsia funcional, que engloba duas síndromes clínicas diferentes: a síndrome do desconforto pós-prandial e a síndrome da dor epigástrica. A faixa etária média foi 31,5 anos (19,2-39,7), 23 (63,9%) eram procedentes de Aracaju, 32 (88,8%) do sexo feminino, 21 (60%) solteiros e 19 (54,3%) consideravam-se de cor parda. Foram identificados 19 (52,8%) pacientes portadores de ansiedade e 9 (25%) com depressão. Segundo os critérios, 10 (27,8%) apresentaram síndrome do desconforto pós-prandial, 07 (19,4%) a síndrome da dor epigástrica e 19 (52,8%) os dois subtipos clínicos simultaneamente. Conclusão: a dispepsia funcional foi mais prevalente entre as mulheres, indivíduos solteiros, cor parda e portadores de ansiedade. Não houve significância estatística quanto ao tipo de apresentação clínica, embora a manifestação concomitante dos dois subtipos, tenha sido mais prevalente.