Este artigo faz parte da pesquisa “Cadê as travas transcorpocinéticas?”, em andamento no Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) UFPE/UFPB. Por meio de uma revisão de literatura, procura compreender como uma produção cinética, dentro do contexto da arte contemporânea, que retrate o corpo transgênero, as suas mudanças e seu cotidiano, pode causar dissenso. O referencial teórico será composto por Rancière (2012), Butler (2020), Preciado (2017) e outros. Esse estudo pretende ampliar as ligações teóricas entre os regimes da arte, segundo o primeiro autor, e os conceitos de performatividade e de contrassexualidade, respectivamente apresentados pelos dois últimos autores, a partir do processo criativo de uma escultura transcorpocinética. Além disso, busca encontrar caminhos investigativos para as práticas artísticas desenvolvidas no referido programa. Referências que serão orientadas pelas relações existentes entre o panorama teórico investigado, as intervenções estéticas e políticas de Indianara Siqueira nas suas aproximações com a pedagogia dos monstros de Cohen (2000) e, finalmente, as mudanças corporais vivenciadas por pessoas trans ao longo de suas vidas. Por fim, considera-se que essa investigação propõe um desdobramento dos regimes da arte e estimula a junção de seus caráteres poético/representativo, ético e estético, uma vez que tradicionalmente as mulheres trans não teriam sido devidamente contempladas pela produção escultórica, muito menos pela arte cinética.