“…Tal fato está associado ao desenvolvimento de déficits cognitivos, de humor e motores que podem persistir além da fase aguda da doença, tornando-se crônicas e, até mesmo, irreversíveis(MINGOTI, 2022).Constata-se também que a liberação de fatores de pró-inflamatórios e a neuroinvasão por SARS-CoV-2 estão relacionados à ativação da micróglia, o que resulta no aumento de citocinas pró-inflamatórias, com respostas neuroinflamatórias exacerbadas, que elevam a susceptibilidade do desenvolvimento de processos neurodegenerativos semelhantes à doença de Alzheimer (DA), induzindo o acúmulo de Aβ e tau fosforilada (p-Tau), que são as características cardinais da DA. Os fatores liberados pela micróglia, como a interleucina-1α (IL-1α) e o componente 1q do complemento (C1q) induzem um deslocamento funcional dos astrócitos para o chamado fenótipo A1, um subtipo de astrócitos que perdem seus papéis fisiológicos na manutenção neuronal e sináptica, dado a desencadear a perda neuronal e de oligodendrócitos(SILVA, 2022).Ressalte-se que a tempestade de citocinas, especialmente com a elevação de IL-6,IL-8, IL-10, IL-2R IL-1β e TNF-α em pacientes com quadros de COVID-19, pode ativar a enzima indoleamina 2,3-dioxigenase 1 (IDO-1) e, consequentemente, culmina no aumento da conversão do triptofano em metabólitos tóxicos da via das quinureninas que têm funções pró-inflamatórias, como ácido quinolínico (QA), 3-hidroxiquinurenina (3-HK) e ácido 3-hidroxi-antranílico (3-HAA), com depleção de serotonina, o que promove a elevação da ativação glial e da morte neuronal e, consequentemente, o desenvolvimento ou na exacerbação de doenças neuropsiquiátricas, como Transtorno depressivo maior(MINGOTI, 2022).Demonstra-se que alterações epigenéticas, como metilação do DNA, acetilação e alterações nas histonas induzidas pelo SARS-CoV-2 pode desencadear uma vulnerabilidade psiquiátrica em cerca de 30% dos indivíduos acometidos pela com comprometimento cognitivo, déficit da memória e distúrbios do sono, os quais podem persistir por meses a anos(SAEED, 2022).Acresça-se que a compreensão dos mecanismos fisiopatológicos da neuroinflamação associados ao desencadeamento de distúrbios neuropsicológicos e neurodegenerativos vem permitindo o estabelecimento de potenciais terapias direcionadas ao combate às vias dessa neuroinflamação. Diante disso, estudos in-vivo e in-vitro randomizados controlados evidenciaram que o uso de compostos bioativos, fisetina, gintonina e hesperetina, promoveu a ativação específica de Nrf2 e de seus genes associados, está relacionada com a neuroproteção contra uma ampla gama de distúrbios neurocognitivos e psiquiátricas que podem estar associado ao pós-COVID-19, como parkinsonismo pós-encefalítico e transtorno depressivo maior, mediante a redução do estresse oxidativo, neuroinflamação mediada por células microgliais, a agregação de Aβ e a apoptose mitocondrial.…”