O tema da morte ainda é tabu em escolas. Educadores têm dificuldades para abordar o assunto, mesmo quando a morte invade o espaço escolar (Alves, 2012). A bibliografia sobre a questão da morte, escola e educadores é escassa, indicando a importância de discussão sobre o tema.O luto é um período de crise para a criança, que o enfrenta conforme ritos familiares e sua cultura. É um processo natural e necessário, pois se trata da dolorida elaboração da perda. A criança, em qualquer idade, necessita de apoio dos adultos. No período pré-operacional desconhece os principais atributos da morte (irreversibilidade, universalidade, funcionalidade e causalidade), o que pode dificultar o processo de elaboração da perda (Torres, 1999). Neste período precisa de informação e esclarecimento quando ocorrem mortes de pessoas próximas. É necessário abordar: culpa, egocentrismo, pensamento mágico onipotente e animismo (Kovács, 2010;. No período das operações concretas a criança ainda não compreende a morte no âmbito abstrato, embora saiba que ela ocorre com seres animados. A perda de pessoas próximas remete a criança à pró-pria morte e dos seus e pode trazer problemas escolares, sintomas físicos e psíquicos, ansiedade e baixa autoestima. Falar sobre as perdas auxilia no enfrentamento dos medos que podem surgir; porém, familiares, educadores e profissionais geralmente têm dificuldades em abordar o tema. É necessário estar disponível, observá-la em seu estágio de desenvolvimento, compartilhar sentimentos e esclarecer dúvidas. A criança pode participar de velórios e enterros em qualquer idade. Rituais ajudam na elaboração da perda, oferecem conforto e autorizam a expressão dos sentimentos (Alves, 2012).Este texto tem o objetivo de descrever o trabalho realizado em 2014, na Grande São Paulo, em escola de ensino fundamental I, após a morte de um aluno do 4º ano em decorrência de uma queda durante exercício, em dupla com o melhor amigo, na aula de Educação Física (EF).O aluno recebeu cuidados básicos e ficou em observação. Quando vomitou, a mãe foi contatada e considerou consequência de uma gripe, solicitando que fosse para casa com a perua escolar. No dia seguinte, o Colégio foi informado que o aluno passara por cirurgia devido a traumatismo craniano e estava em coma induzido. Diretora e Orientadora Pedagógica visitaram a família e ofereceram aos pais toda a assistência necessária. A criança faleceu três dias após a queda e seus pais pediram que os funcionários do colégio não comparecessem ao velório/enterro. No dia seguinte a mantenedora do Colégio solicitou assessoria psicológica para alunos, profissionais e famílias.