A pegação masculina em espaços públicos da cidade é um fenômeno plural, rico em experiências instauradoras de práticas e modos de ocupar o mundo dissidentes da heteronorma. Não por acaso, foi submetido a muitos registros de infâmia. Dos antigos crimes jurídico-religiosos de sodomia forjados na Europa, que colonizaram, inclusive, os prazeres nas Américas, até sua inscrição patológico-criminal apoiada pela ciência do século XIX, a pegação tornou-se um atentado ao pudor, uma afronta à moral pública. Contudo, as fiuras anônimas homoeróticas que circulam oscilantes pela urbe, instauradoras de territórios de prazer em meio ao espaço público, nos ajudam a entender, através de seus rastros, muitas vezes captados pelos aparelhos de poder, justamente suas histórias de repressão.