Este estudo teve como objetivo investigar como se caracterizam as práticas que peritas psicólogas desenvolvem na área da violência doméstica e familiar contra a mulher e quais são as percepções que apresentam acerca de sua atuação. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, transversal e exploratória. As participantes foram seis peritas psicólogas que atuam em Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher no estado do Rio Grande do Sul no Brasil. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas e analisadas por meio da análise de conteúdo. Os resultados apontam que as profissionais apresentam concepções consonantes com a literatura sobre as repercussões dos papéis de gênero no fenômeno da violência contra a mulher. Contudo, consideram que a dinâmica cíclica desse fenômeno possui importância secundária, privilegiando questões individuais dos envolvidos na situação de violência para o entendimento dos casos. As experiências anteriores das psicólogas parecem contribuir para qualificar o seu desempenho pericial. Por outro lado, há falta de convergência entre as participantes sobre os conhecimentos que fundamentam sua prática. As determinações judiciais para perícia costumam ocorrer durante a implementação das medidas protetivas de urgência e envolvem predominantemente a avaliação dos homens autores de violência. A entrevista foi referida como principal procedimento avaliativo empregado nas perícias. Por fim, enquanto as ações intersetoriais articuladas com a rede de atendimento para as mulheres parecem promissoras, a atenção destinada aos homens permanece desafiadora. Os achados deste estudo fornecem contribuições sobre aspectos teóricos e técnicos que podem ser priorizados em capacitações que visem qualificar as perícias psicológicas realizadas nessa área.