RESUMOA prática assistencial e de ensino e pesquisa motivou-nos a realizar este ensaio, que tem por objetivo possibilitar uma reflexão acerca dos cuidados paliativos prestados aos pacientes sem possibilidade de cura, na fase de terminalidade de uma doença. Para facilitar a compreensão dos cuidados paliativos, historiamos sua evolução desde seu início na Europa, com Cicely Saunders, até a identificação dos atributos dos cuidados paliativos no Brasil dentro da prática da enfermagem. O cenário preferencial é o domicílio, onde o paciente e sua família tornam-se uma unidade de cuidado e são considerados em sua integralidade. O controle da dor, o preparo para a morte, a comunicação efetiva e a busca pela ortotanásia são as metas da equipe interdisciplinar. Embora o cuidado seja a essência da Enfermagem, os cuidados paliativos são incipientes em nossa prática. Urge que nos apropriemos dessa filosofia e a incorporemos em nossa prática para, assim, partilhar e suavizar o cuidado ao paciente terminal, tornando-o mais humanizado.Palavras-chave: Cuidados paliativos. Paciente terminal. Enfermagem.
INTRODUÇÃOEstar ciente da iminência da própria morte e livre da dor ou outros sintomas que tornam o processo de morrer angustiante, assim como estar com pendências eventuais emocionais, sociais e espirituais resolvidas e junto com os familiares até o último momento de vida, pode ser uma dádiva, mesmo que pareça uma utopia.Esta é uma descrição de alguns cuidados na terminalidade, na perspectiva da filosofia dos Cuidados Paliativos. Paliativo é uma palavra de origem latina (pallium) que significa manto e coberta (1) . Denota proteção, conforto e cuidado. Como afirma um escritor brasileiro, "a morte de uma pessoa é um evento único, nunca houve e nunca haverá outro igual" (2) . Ao considerarmos a subjetividade, os aspectos culturais, os valores, as crenças e as experiências prévias de cada um de nós que cuidamos, podemos sim, humanizar e individualizar o cuidado ao paciente sem possibilidade de cura, o chamado paciente terminal.Convicta da necessidade de humanizar os cuidados a esses pacientes, a Organização Mundial da Saúde -OMS, em 1990, definiu cuidados paliativos como cuidados ativos e totais do paciente cuja doença não responde ao tratamento curativo. Destaca a amenização da dor e de outros sintomas, além de controle dos problemas psicossociais e espirituais (3) . Nessa época, os cuidados paliativos eram direcionados aos pacientes oncológicos e, gradativamente, ampliou-se sua população-alvo, incluindo-se nela as pessoas com doenças consideradas ameaçadoras à vida e os idosos.Assim, no início do século XXI, a OMS atualizou o conceito de cuidados paliativos, que agora são aqueles que consideram uma abordagem que aumenta a qualidade de vida tanto dos pacientes que enfrentam uma doença ameaçadora à vida /doença terminal quanto a de seus familiares, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, com a identificação precoce, a avaliação correta e o tratamento da dor e de outros problemas (4) . Este ensaio (5) t0em por objetivo possibi...