Na psicose o Outro se presentifica, invade, e o sujeito se encontra num gozo sem medida, a devastação que marca a presença desejo absoluto da mãe por uma não possibilidade simbólica da inscrição do nome-do-pai. Diante disso, o sujeito apresenta um furo com a realidade, uma não possibilidade de inscrição no campo do simbólico, podendo utilizar o delírio como organizador dessa falha. Mas, até que ponto as manifestações são positivas para o sujeito? Até que ponto a devastação domina o sujeito? A morte? Palavras-chave: psicose; delírio; devastação.
INTRODUÇÃOQuando tratamos da estrutura psicótica, entendemos que, no processo do Édipo, houve uma falha na inscrição simbólica do nome do pai sobre o Outro, ou seja, não houve o corte da relação imaginária com o outro, retirando o sujeito do gozo fálico e o fixando como falta-a-ser da mãe. (LACET, 2004).É nesse processo que o sujeito se depara com uma relação imaginária que é, em si, conflituosa e incestuosa. Diante disso é necessária a presença de uma lei de interdição na ordem simbólica, da palavra, ou seja, do pai. Não se trata do pai como indivíduo, mas a lei simbólica do nome do pai (LACAN, 1955(LACAN, -1956(LACAN, /1988.A presença da interdição se dá pela regulação do desejo da mãe, que teoricamente já é em si regulado, entretanto, existe uma parte do desejo da mãe que não tem a interdição do Nome-do-Pai e não passa pelo Édipo. É uma área permeada de algo excessivo, caracterizado como gozo a mais e, uma de suas nomeações, a que utilizaremos aqui, é a devastação (VIEIRA; BARROS, 2021).O trabalho tem como intuito a investigação da não inscrição do nome do pai e a interferência do desejo da mãe como devastação em um caso de psicose de um sujeito, tratado aqui como J, que só aceita comer uma vez ao dia para evitar a morte das pessoas e, com isso, acaba colocando sua saúde e talvez sua vida em risco. A proposta é o questionar o papel do delírio para o sujeito psicótico e de que forma ele pode ser benéfico ou destruidor na vida do mesmo.A metodologia proposta é a realização de um estudo de caso que tem como orientadora a pesquisa bibliográfica. Para compreensão do caso, partiremos da percepção de Lacan acerca do papel da linguagem na vida do psicótico e de que forma o delírio entra como possibilidade de reestruturação do sujeito no furo devastador da falta da inscrição simbólica.