Memórias e relatórios didáticos elaborados por professores são fontes úteis para elucidar características das práticas educativas e didáticas e são colocadas entre as formas de escrita profissional que hoje compõem o complexo arcabouço da memória escolar e o tipo de documentos que Viñao Frago classifica como “ego documentos”. O estudo de caso que pretendemos apresentar é o referente às memórias e relações produzidas por alguns professores nas escolas italianas no Brasil entre o início da colonização e a queda do fascismo, com um foco específico naqueles produzidos por dois professores italianos que ocuparam o cargo de mestre nas escolas étnicas da quarta colônia Silveira Martins e nas escolas ítalo-brasileiras de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul. Antonio Ceretta emigrou para o Rio Grande do Sul em 1880 e, por várias décadas, exerceu a função de professor escrevendo duas importantes memórias; Luigi Ledda chegou à capital do estado gaúcho em 1932 e, durante seus cinco anos de atividades, produziu documentação significativa que auxilia, hoje, a aprofundar as práticas educacionais desenvolvidas dentro de um contexto escolar muito particular. Memórias e relatos produzidos pelos professores são escritos que, do ponto de vista metodológico, devem ser decodificados e interpretados para incluir, também, aquele conjunto de práticas pedagógicas e educativas que estiveram na base das atividades orientadas para a representação da cultura italiana promovida por instituições escolares presentes na área rural e na capital do estado do Rio Grande do Sul.Palavras-chave: Memórias profissionais. Práticas educativas. Escolas étnicas italianas no Brasil. Educação e fascismo no Rio Grande do Sul.