A síndrome antifosfolípide (SAF) é uma doença autoimune sistêmica, adquirida, caracterizada por tromboses recorrentes, arteriais ou venosas, e/ou morbidade obstétrica e para seu diagnóstico é necessária a presença persistente de anticorpos antifosfolípides, positivos em duas ou mais ocasiões com pelo menos 12 semanas de intervalo. Resultados falso-positivos do anticorpo anticardiolipina podem ser observados em pacientes saudáveis, em uso de determinadas medicações e em usuários de cocaína. Uma potencial via subjacente à vasculopatia trombótica associada ao consumo de cocaína é a possibilidade de a droga e seus subprodutos, como o levamisol, um agente adulterante usado em sua fabricação, induzirem a deposição de moléculas que desencadeiam eventos que levam a complicações vasculares. As complicações cardiovasculares são as principais consequências do uso de cocaína, como insuficiência cardíaca, arritmias, doença coronariana, espasmo coronariano e infarto agudo do miocárdio. Neste estudo, relatamos um caso clínico em que o uso abusivo de cocaína pelo paciente provocou um quadro de síndrome embólica que simulou uma SAF primária. A falta de indagação ao paciente sobre o uso de drogas ilícitas pode levar a perda, atraso ou erro de diagnósticos.