Déficit ou diferença? um estudo sobre o autismo em pesquisas educacionais

Abstract

O autismo foi identificado por volta de 1940 e desde essa época sua abordagem pauta-se em critérios diagnósticos que o explicam a partir de dificuldades, déficits ou atrasos, de acordo com o modelo médico. A partir dos anos 2000, surgem outros modos de pensar o autismo, como o movimento da neurodiversidade, com o intuito de superar as dicotomias entre o normal e o patológico e compreender o autismo como diferença. Com base nos estudos críticos sobre o autismo, este artigo buscou identificar, por meio de revisão de literatura, as explicações sobre autismo em teses e dissertações sobre inclusão escolar, produzidas entre 2008 e 2018. Foram encontradas 106 produções, 53 relacionadas à área da educação e 22 que compuseram o corpus desse artigo. As pesquisas foram categorizadas a partir de dois modelos: médico e crítico. Os resultados revelam que a maioria dos estudos se orienta pelo modelo médico e, dentre aqueles que se inserem na categoria “modelo crítico”, as explicações perpassam diferentes abordagens teóricas, como a fenomenologia, a psicologia histórico-cultural e a psicanálise. Analisar as pesquisas trouxe uma multiplicidade de narrativas sobre o autismo e a percepção de que cabe romper com a naturalização dos discursos e a hierarquização das ciências naturais sobre as humanas, garantindo reconhecimento do outro como sujeito de direito e ator social.

Autism, Neurodiversity and Stigma: Political and Inclusive Perspectives

“…In these, specifically on neurodiversity and autism, a psychoanalytic thesis was found in Brazilian research in the Education area, which brought together the trajectory of ASD and its social movements (Furtado, 2011). In the article, the authors criticize the way research describes autism, stating that it can generate stigma about it and thus promote exclusion rather than inclusion (Wuo et al, 2019). In this study, research focused on autism within the Brazilian context was divided into what researchers Wuo et al (2019) called it the medical model and the critical model.…”

“…In the article, the authors criticize the way research describes autism, stating that it can generate stigma about it and thus promote exclusion rather than inclusion (Wuo et al, 2019). In this study, research focused on autism within the Brazilian context was divided into what researchers Wuo et al (2019) called it the medical model and the critical model. The authors defined the medical model as research that adopts the definition of ASD as described in the DSM-5 (APA, 2013) and the critical model is that which describes ASD criticizing the medical model, that is, research that seeks other ways of seeing ASD without being guided by the biomedical model, which focuses on its deficits and difficulties; from the 22 productions analyzed, the majority of them (i.e.…”

“…The authors defined the medical model as research that adopts the definition of ASD as described in the DSM-5 (APA, 2013) and the critical model is that which describes ASD criticizing the medical model, that is, research that seeks other ways of seeing ASD without being guided by the biomedical model, which focuses on its deficits and difficulties; from the 22 productions analyzed, the majority of them (i.e. 17) referred to the medical model (Wuo et al, 2019). Regarding this aspect, it is worth mentioning that neurodiversity corresponds to what is understood as the biopsychosocial model, distancing itself from the purely biomedical or social model (Gillespie-Lynch et al, 2017).…”

Percepção do autista e sua inclusão nas organizações: \"Nada sobre nós, sem nós\"

“…Os estudos da deficiência surgem nos anos 1970, em decorrência dos movimentos sociais de pessoas com deficiência nos Estados Unidos e Reino Unido. Com os avanços a partir da década de 1990, a deficiência, até então pensada como uma tragédia particular, passa a ser vista como uma posição de diversidade corporal e funcional, como uma identidade social, cultural e política, como uma luta por garantia de direitos (Wuo, Yaedu, & Wayszceyk, 2019).…”

“…Nesse sentido, entende-se que ninguém é estritamente neurotípico, pois cada indivíduo processa informações neurológicas de forma diferente. Sob essa visão, a neurodiversidade pode ser definida como um conceito antropológico, que faz parte de um movimento social, político e acadêmico global, assumindo que o cérebro possui variações neurológicas, tais como qualquer outra diferença humana (Machado et al, 2019;Wuo et al, 2019).…”