Descolonização do corpo e mobilidade humana: mulheres imigrantes e a produção de saberes contra a violência obstétrica

Abstract

Revista Latinoamericana de Estudios en Cultura y Sociedad | Latin American Journal of Studies in Culture and SocietyV. 03, ed. especial, dez., 201703, ed. especial, dez., , artigo nº 596 | relacult.claec.org | e-ISSN: 2525 Descolonização do corpo e mobilidade humana: mulheres imigrantes e a produção de saberes contra a violência obstétrica ResumoO fenômeno da mobilidade humana implica não apenas no deslocamento de idiomas, recursos e culturas, mas sobretudo, no movimento de corpos e a troca de saberes e modos de fazer e compreender a vida em seus diferentes ciclos. Assim, os modos de gestar e nascer são transportados e transformados durante o processo. A construção epistemológica de saberes descolonizados não deve ser alheia a uma construção sobre os corpos e seus ciclos, especialmente quanto ao corpo feminino, que foi e permanece, em muitos espaços, contido e medicalizado. O presente trabalho pretende analisar como mobilização de mulheres imigrantes na cidade de São Paulo contribui para o questionamento e a construção de novos saberes sobre maternidade, parto e gestação, reunindo mulheres imigrantes e brasileiras contra a violência obstétrica. Palavras

Immigrant women’s experience of labor and birth

“…The memories presented by the collaborators in this study describe a scenario of obstetric violence, with disrespect and indifference prevailing. The appropriation of women’s bodies occurs through abusive interventions, leading them to lose their autonomy and leading role, especially during childbirth ( 2 ) .…”

“…Immigrant women are a vulnerable group regarding health care (3) . However, these women have been able to access the Brazilian health system in recent years, especially maternal care services related to pregnancy, childbirth and the puerperium, medium-complexity services and tests in the territory (2,4) . Immigrant women's expectations around labor and birth are shaped by their experiences in their country of origin.…”

“…Pregnancy and birth are events laden with customs and values in many cultures, bringing complex changes for women. The individual experience is the result of the interaction of the collective meanings provided by their culture ( 1 ) , which means that women from different contexts bring with them knowledge about their bodies, their babies and how to care for both, and this knowledge intersects with scientific knowledge ( 2 ) . In this scenario, reproductive health care for immigrant women should receive attention.…”

“…There are events that shape or even favor obstetric violence against immigrant women during pregnancy, childbirth and puerperium ( 2 , 4 ) , and lack of knowledge of the culture and communication are just one of the main challenges faced ( 4 ) . Thus, for effective and comprehensive care to be provided, communication strategies are essential, considering that health services are also an environment for intercultural exchanges, since the values, beliefs and practices related to the pregnancy-puerperal cycle are present in care from the perspective of both women, migrants or not, and health professionals ( 4 ) .…”

O cuidado como exercício de direito à saúde e à vida de mulheres migrantes usuárias do SUS

“…A solidão da migração, a falta de suporte familiar, a precariedade no emprego ou pouco uso dos serviços de saúde fazem com que muitas delas sejam mais propensas a ter alguma DST/HIV, sofrer de estresse, depressão, violência e abuso sexual por parte de seus parceiros (PURI;CLELAND, 2007;ROCHA;GAMA 2010;SILVA, 2017) e no caso de mulheres mais jovens o índice de ser vítima de tráfico de pessoas é ainda maior (TERESI, 2010;CABEZAS, 2016). Daí a importância da categoria gênero para estudar, entender a temática sobre cuidados (GOMEZ CANTARINO, 2016;ROSSA, 2017;ROSABONI;FERNANDES;PEÇANHA, 2018). Ao longo da tese, também vou trazer outras leituras que façam diálogo com as inquietações que as próprias interlocuções suscitam.…”