Revista Latinoamericana de Estudios en Cultura y Sociedad | Latin American Journal of Studies in Culture and SocietyV. 03, ed. especial, dez., 201703, ed. especial, dez., , artigo nº 596 | relacult.claec.org | e-ISSN: 2525 Descolonização do corpo e mobilidade humana: mulheres imigrantes e a produção de saberes contra a violência obstétrica
ResumoO fenômeno da mobilidade humana implica não apenas no deslocamento de idiomas, recursos e culturas, mas sobretudo, no movimento de corpos e a troca de saberes e modos de fazer e compreender a vida em seus diferentes ciclos. Assim, os modos de gestar e nascer são transportados e transformados durante o processo. A construção epistemológica de saberes descolonizados não deve ser alheia a uma construção sobre os corpos e seus ciclos, especialmente quanto ao corpo feminino, que foi e permanece, em muitos espaços, contido e medicalizado. O presente trabalho pretende analisar como mobilização de mulheres imigrantes na cidade de São Paulo contribui para o questionamento e a construção de novos saberes sobre maternidade, parto e gestação, reunindo mulheres imigrantes e brasileiras contra a violência obstétrica.
Palavras
A presença de mulheres angolanas em São Paulo é narrada a partir das trajetórias migratórias das gerações anteriores, que também vivenciaram situações análogas a de refúgio. Suas experiências no Brasil como angolanas (não necessariamente lusófonas) e seus relatos acerca de deslocamentos entre Angola e República Democrática do Congo (RDC) no período da Guerra de Independência de Angola (1961-1974) e da Guerra Civil Angolana (1975-2002) são entrelaçadas pelas suas trajetórias educacionais e familiares. É relatada a permanência de dinâmicas educacionais coloniais no ensino dos idiomas francês e português em detrimento dos idiomas nacionais vinculados a grupos étnico-linguisticos, no contexto de formação de identidade nacional angolana no período pós-independência. O produto lingüístico de seu pouco domínio do idioma português é relacionado à sua dificuldade de inclusão no mercado de trabalho e o não reconhecimento de suas habilidades e certificações profissionais, situação que reforça sua posição como migrantes/refugiadas africanas no mercado de trabalho brasileiro.
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