A agroecologia é uma ciência que está se consubstanciando a cada dia como uma teoria crítica que interroga radicalmente a agricultura convencional, ao mesmo tempo, em que aprovisiona as bases teórico-conceituais e metodológicas para o desenvolvimento de sistemas alimentares economicamente eficientes, socialmente justos e ecologicamente sustentáveis. Busca apontar caminhos com o propósito de aprimorar os sistemas agrícolas recorrendo aos processos naturais, criando interações e sinergias biológicas benéficas entre os componentes dos agroecossistemas, minimizando insumos externos sintéticos e tóxicos e manejando processos ecológicos e serviços ecossistêmicos para o desenvolvimento e a implementação de práticas agrícolas mais sustentáveis que não degradem os ambientes naturais e humanizados.
Deste modo, a agroecologia subsidia o conhecimento e a metodologia para colaborar no desenvolvimento da agricultura saudável, buscando a viabilidade econômica, sustentável e de sua alta produtividade, disponibilizando princípios básicos sobre o estudo dos ecossistemas e sobre seu tratamento, focando na conservação dos recursos naturais, tendo se tornado uma ciência destinada a apoiar a transição dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de agricultura convencionais para estilos de desenvolvimento rural e de agriculturas sustentáveis, representando uma abordagem agrícola que incorpora cuidados relativos ao meio ambiente, desde os problemas sociais, incluindo a sustentabilidade ecológica dos sistemas produtivos.
O vol. 4 do livro Agroecologia: produção e sustentabilidade em pesquisa, traz à baila várias temáticas direta e indiretamente associadas à ciência agroecológica, tais como: controle biológico conservativo; utilização do pó de basalto em cultivos; diversidade de plantas medicinais em quintais e roçados em comunidades de fundo de pasto; plantas utilizadas na alimentação animal em áreas baianas de fundo de pasto; a etnobotânica de plantas alimentícias não convencionais numa perspectiva do resgate dos saberes tradicionais; os terreiros suspensos como alternativa para secagem de grãos na agricultura familiar; a utilização do quadro de modelo de negócio para auxiliar no planejamento e na produção de novos produtos de compota à base de espumante e vinho branco; e, quadro de modelo de negócio no auxílio da produção orgânica em áreas quilombolas. Além destes temas, contempla informações socioambientais por meio de relatos de experiências de uma brinquedoteca comunitária, e também, discorre sobre o protagonismo das mulheres do campo, o bem viver e os relatos e experiências através das cadernetas agroecológicas.
Esta obra está constituída por um processo colaborativo entre pesquisadores, docentes e discentes, essencialmente de graduação e pós-graduação, que buscam qualificar as discussões neste espaço formativo. Advém ainda, de movimentos interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa e à extensão que congregam pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento e de diferentes Instituições de Educação Superior, públicas e privadas de abrangência nacional e internacional. Concilia também ações interinstitucionais nacionais e internacionais de redes e de grupos de pesquisa que tenham como enfoque, promover capacitação permanente de agroecólogos, ambientalistas, agricultores, extensionistas, entre outros, por meio da produção e socialização de conhecimentos, saberes e múltiplas vivências e experiências, sendo possível orientar estratégias de desenvolvimento rural mais sustentável e de transição para estilos de agriculturas mais sustentáveis, contribuindo assim, para o avançar da qualidade de vida das sociedades presentes e futuras.
Sendo assim, o papel da agroecologia enquanto ciência destina-se a reforçar a premissa da utilização de conceitos e de princípios ecológicos para o manuseio dos agroecossistemas sustentáveis, permitindo a logicidade ecológica da agricultura familiar, além do desenvolvimento de táticas de cultivo, tornando-se assim, uma área de conhecimento interdisciplinar na construção de novos modelos de agricultura rural e na promoção de iniciativas de avanço no desenvolvimento rural e no transicionar da agricultura convencional para uma agricultura mais sustentável, valorizando a dinâmica de funcionamento de sistemas agrícolas distintos.
Nesta ótica, congratulamo-nos com os autores pelo compromisso, prestimosidade e contributo para a elaboração e finalização dessa obra. Aspiramos que este novo volume seja um instrumento norteador e basilar no desenvolvimento da pesquisa e da extensão de estudantes, professores, agricultores, comunidades rurais e movimentos socioambientais e, para os demais interessados pelas temáticas aqui (trans)bordadas.