Na arte de se tornar quilombola, o ex-escravo vai moldando sua vida à nova realidade e as pegadas do rio são marcas do tempo. Sua alma torna-se tão profunda quanto os rios: vivazes, agitados, inquietas como as águas das superfícies, onde as imagens do macrocosmo se refletem no microcosmo das águas, constituindo uma imagem indivisível, um todo único. São seres humanos silenciosos, taciturnos, contidos em seus sofrimentos como a profundeza das águas negras do Trombetas. Calados quase sempre. Um silêncio que não é a ausência da fala. No interior da selva, constroem seus diálogos e a hora de soltar seu grito" (Eurípedes Funes)
AGRADECIMENTOSJunto com essa tese veio a cura. Como tantas mulheres-mães-pesquisadoras-professoras, fui adoecida de culpa e cansaço pelo desafio de cursar doutorado em meio às descobertas e enfretamentos da maternidade e da docência. A construção da tese me deu a oportunidade e a força para o meu renascimento. Agradeço a todas as pessoas que colocaram um pouco de seu amor para me ajudar nesse processo.Ao meu ninho em Natal, que me acolhe e me reorienta na vida. Minha mãe, meu irmão, cunhada, minha sobrinha linda, vocês tem a suavidade da brisa do mar da redinha.Pietro, pulsão de vida e fonte alegria. Perdão filho por tantas ausências, pelas portas trancadas que você encontrava ao procurar pela mãe e que te fizeram quase um chaveiro, rs. A mamãe terminou, agora podemos brincar e nos aventurar em novos ciclos.Raphael, companheiro sempre perto, mesmo longe, que me apresentou mundos novos e sempre me fez sentir amada e encorajada.Agradeço a rede de cuidados com Pietro que se formou com meus sogros Angélica e Jorge e com minha cunhada Gabriela.Rita, cuidadora de Pietro e amiga, que supriu a minha ausência com todo o amor de mãe.À Luciana Tatagiba, orientadora que protagonizou verdadeiras operações de resgate. Me trouxe de volta em vários momentos, sempre na hora certa, porque sentia como mulher e mãe que eu precisava, sem julgamentos. Me ouvia com tanto entusiasmo e curiosidade mesmo quando eu trazia uma realidade tão distante. Me deu verdadeiras lições do fazer docente humanizado que eu vou levar para a minha vida de professora. Nunca vou esquecer o que você fez por mim.Obrigada! Meus amigos da UFAM, Soriany, Sandréia, Magela, Sandra Helena, que se tornaram a minha família parintinense.Minhas alunas e alunos que transformaram o momento da sala de aula em um processo terapêutico quando eu mais precisei.Aos homens e mulheres quilombolas, filhos do rio Trombetas e Erepecurú, pela enorme acolhida. Foram tantas lições de dedicação à vida coletiva, de conexão com o meio, de orgulho étnico. Me sinto honrada em estar trazendo essa história coletiva pra academia. Vamos tocar nossos projetos! Aos colegas do NEPAC/UNICAMP que, mesmo em meio às minhas ausências, me proporcionaram ricos momentos de troca e aprendizado.À Fundação de Amparo à pesquisa do estado do Amazonas/FAPEAM que viabilizou minha estada em Campinas e minhas viagens de campo.