INTRODUÇÃOA humanidade, após o advento da Revolução Industrial, vem modificando e interferindo, quase sempre negativamente, o equilíbrio dos ecossistemas terrestres. As atividades, produtos e serviços desenvolvidos pelo homem geram subprodutos que quando não tratados adequadamente implicam em prejuízos à saúde pública e ao meio ambiente. Além disso, o crescimento desordenado das cidades, o aumento populacional e a intensificação do consumo são fatores que tem como consequências, entre outras, a degradação dos recursos naturais e geração de resíduos e rejeitos de forma mais intensa que a capacidade de assimilação da natureza.Nesse contexto, no Brasil, o setor de saneamento vem recebendo maiores investimentos nos últimos anos, e o aumento da prestação desse serviço reflete no volume crescente da produção de resíduos de composição complexa e destinação final problemática. Entre os resíduos do saneamento básico, os lodos provenientes das Estações de Tratamento de Água (ETA's) e Estações de Tratamento de Esgoto (ETE's) destacam-se pela grande quantidade gerada e pelos custos elevados para disposição final adequada (PEGORINI; ANDREOLI, 2006). Dessa forma, o gerenciamento correto dos resíduos sólidos, incluindo os do saneamento, é tão necessário que a Agenda 21, documento produzido durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), dedicou um Capítulo completo (Capítulo 21) para tratar do manejo ambientalmente saudável desses resíduos. O documento preconiza que mudanças nos padrões não sustentáveis de produção e consumo são fundamentais para conciliar o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente, também defende a adoção da reutilização, reciclagem e destinação final adequada para promoção do manejo sustentável dos resíduos (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1997). O tratamento de esgotos gera além do efluente tratado, que é o objetivo do tratamento, gases e lodo. Para ser lançado no meio ambiente o efluente tratado deve atender padrões de qualidade, conforme estabelece a legislação. Os gases gerados, por sua vez, podem ser aproveitados para uso energético ou lançados na atmosfera. Já o lodo, que agrega a maior parte da matéria orgânica presente no esgoto bruto, é um desafio para as ETE's, pois além dos sólidos orgânicos o lodo concentra metais pesados e patógenos que oferecem riscos de contaminação do meio ambiente e da população que direta ou indiretamente entrem em contato com o mesmo (LIMA, 2010). Assim, dependendo da forma de destinação final do lodo, é necessário que o mesmo passe por processos específicos de tratamento. No Brasil, a Resolução n° 375/2006 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) determina quais os parâmetros de qualidade para o lodo e produtos derivados destinados ao reuso agrícola. Por exemplo, para ser utilizado como insumo na agricultura o lodo deve ser tratado de modo a reduzir as concentrações de patógenos, o teor de umidade e o teor de matéria orgânica volátil.A redução do teor de umidade pode ser realizada...