A doença de Coats é uma condição oftalmológica idiopática e rara que atinge sobretudo o sexo masculino durante a infância. Caracteriza-se por anormalidades vasculares da retina e exsudação, podendo cursar com diminuição da acuidade visual e leucocoria. Descreve-se o caso de um menino com 6 anos, levado a um serviço de urgência por olho esquerdo vermelho com dois meses de evolução, previamente medicado com antibiótico e corticoide tópicos, sem melhoria. No exame oftalmológico o olho esquerdo não tinha perceção luminosa, apresentava leucocoria, hiperemia conjuntival, neovasos da íris, midríase fixa e pressão intraocular aumentada. A fundoscopia revelou exsudação retiniana massiva com descolamento de retina. Os exames complementares com ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia computorizada apoiaram o diagnóstico final de doença de Coats. Esta apresentação em estadio avançado mostrou-se difícil de diferenciar do retinoblastoma, a neoplasia maligna intraocular mais comum na infância, que requereria outra abordagem terapêutica e teria um pior prognóstico.
Palavras-chave:Criança; Doenças da Retina/congénito; Telangiectasia Retiniana/diagnóstico
AbstractCoats' disease is a rare idiopathic eye condition that primarily affects males during childhood. It is characterised by vascular abnormalities and retinal exudation, progressing to decreased visual acuity and leukocoria. This report describes a 6-year-old boy brought to the emergency department because of a red left eye for two months, previously treated with topical antibiotics and corticosteroids, with no improvement. On ophthalmic examination the left eye had no light perception and presented leukocoria, conjunctival hyperaemia, iris neovascularisation, fixed mydriasis and increased intraocular pressure. Fundoscopy revealed massive retinal exudation with retinal detachment. Ancillary tests with ultrasound, magnetic resonance imaging and computed tomography supported the final diagnosis of Coats' disease. This presentation at an advanced stage proved difficult to differentiate from retinoblastoma, the most common malignant intraocular tumour in childhood, which would require different treatment and would have a worse prognosis.