1Rafael de Bivar Marquese 2 RESUMO: O artigo investiga a trajetória do artista e inventor Antonie Hercule Romuald Florence (1804-1879) na sociedade escravista brasileira do século XIX, procurando examinar os fundamentos do "sentimento de exílio" que marcou sua longa vivência no Oeste de São Paulo. Na primeira parte, trato Florence como um observador das paisagens escravistas do açúcar e do café. A série de desenhos e aquarelas que compôs sobre a fazenda Ibicaba e o engenho da Cachoeira nos permite observar como ele apreendeu os processos concretos de transformação agrária e ambiental da fronteira escravista de São Paulo. Na segunda parte, analiso a conversão de Florence em cafeicultor escravista, momento em ele assumiu por razões familiares a gestão de uma propriedade cafeeira com trinta escravos no município de Campinas. PALAVRAS-CHAVE: Hercule Florence. Paisagem. Açúcar. Café. Escravidão.ABSTRACT: The article studies the trajectory of the artist and inventor Antonie Hercule Romuald Florence (1804-1879) within the nineteenth century Brazilian slave society, trying to grasp the fundamentals of the "exile feeling" that marked his long experience in the São Paulo West. I first analyse Florence as an artist of the sugar and coffee slave plantations landscapes. The series of drawings and watercolors that he composed on Ibicaba and Cachoeira plantations allows us to observe how he understood the concrete processes of agrarian and environmental transformation of the slaveholding frontiers of São Paulo. In the second part, I analyze how Florence was turned into a coffee planter, when for family reasons he took charge of the management of a coffee plantation with thirty slaves in Campinas.