Em cerca de setenta anos de existência no Brasil, a pesquisa em ensino de ciências tem se metamorfoseado teórico-metodologicamente. Como efeito dessas transições, ao longo das décadas houve alguns booms de publicações com foco em novas abordagens de investigação nessa área. Olhando para a produção científica brasileira até meados de 2021, sugerimos o avanço de outra onda no mar da educação científica, atraída por discussões associadas aos impactos da colonização para a educação. Neste trabalho, primeiramente apresentamos parte da teorização polifônica relacionada à resistência da colonização e destacamos pontos relevantes desse diálogo para nossa área. Posteriormente, com base em uma pesquisa bibliográfica, mostramos o aumento do número de artigos ligados a essas perspectivas publicados em periódicos nacionais pela comunidade de ensino de ciências. Complementarmente trouxemos acontecimentos que provavelmente contribuíram para catalisar o ingresso deste referencial teórico para a área no Brasil. Estabelecemos a hipótese de que o marco para a introdução do referencial decolonial no ensino de ciências brasileiro ocorreu em 2004 e que o ano de 2019 tornou-se um ponto de viragem para o ancoramento de um movimento crucial para a promoção de justiça social no ensino de ciências no país.