Dido, rainha de Cartago: uma releitura de Giovanni Boccaccio na obra De mulieribus claris

Abstract

Neste material trazemos uma tradução, para o português do Brasil, da biografia de Dido, rainha de Cartago, presente na obra De mulieribus claris, de Giovanni Boccaccio. Importante personagem feminina da Antiguidade, a Dido que Boccaccio nos apresenta em seu catálogo de vidas de mulheres foi traçada não a partir da popular versão que encontramos nos cantos iniciais da Eneida, de Virgílio, ou nas Heroides, de Ovídio, mas segundo historiadores antigos, como Justino, e os padres da Igreja, como Jerônimo. Nessa variante do mito de Dido, a rainha nunca encontrou Eneias, e o que lemos está centrado nos eventos de sua infância, casamento com Siqueu, fuga para longe do irmão e na fundação de Cartago. Além disso, lê-se no texto boccacciano uma longa exortação à castidade após a viuvez. Nossa tradução vem acompanhada de notas cujo objetivo é destacar aspectos textuais e contextuais que julgamos importantes para apreciação do texto.

Boccaccio e a inclinação poética: Genealogie deorum gentilium 15.10

“…157-164, Boccaccio tece uma crítica semelhante a esses profissionais (descritos como "Ericole", isto é, "cultivadores da discórdia") que, por pura ignorância e malícia, viviam atacando a poesia (representada alegoricamente como Safo de Lesbos) -cf.Perini (1994, p. 1039) e Fonseca Jr.(2021, p. 157-221).5 Cf.Heise (2013b, p. 154-157).6 Sobre a cronologia das Genealogie -bem como das demais obras boccaccianas -, verTanturli & Zamponi (2013, p. 61-66) eArmstrong et al (2015, p. xxix-xxxv).7 Sobre a obra De mulieribus claris, cf.Juliani (2021, p. 133-153; sobre o Buccolicum carmen, cf. Fonseca Jr. (2016;2021). 8 Sobre as preocupações financeiras de Boccaccio na velhice, cf.…”