Abstract. The aim of this paper is to confront the main arguments employed by advocates of Universal Moral Grammar (UMG) with the results obtained in empirical studies from different fields of cognitive science and also with constructivist arguments proposed by Prinz and Sterelny, among others. From this analysis, I conclude that the Poverty of the Stimulus Argument is unconvincing when applied to the field of morality. The research with the trolley problems, often used to support the existence of UMG, is also insufficient to sustain the thesis that morality works similarly to language, especially when the existence of simpler explanations is considered. Furthermore, in spite of the universality of morality, the unlimited variation in moral norms across groups is a serious problem for any account relying on the principles and parameters model of the linguistic analogy.Keywords: Universal grammar; moral nativism; poverty of the stimulus; double effect; trolley problems; principles and parameters.
IntroduçãoA versão mais conhecida e discutida de nativismo moral emprega a linguagem como um modelo para explicar a cognição moral. A partir dos trabalhos de Noam Chomsky, passou a ter grande aceitação na área da linguística a ideia de que o cérebro possui uma estrutura dedicada ao aprendizado da linguagem (language organ, innate language module, language faculty).1 Na visão de Chomsky, essa faculdade, presente antes de qualquer aprendizado, envolve o conhecimento de várias regras, restrições e princípios linguísticos, tornando possível o aprendizado da linguagem. Esse conhecimento constituiria um estado inicial, o qual, por meio da interação com as experiências linguísticas a que somos expostos durante a infância, resultaria na aquisição de um novo corpo de conhecimento linguístico, ou seja, na aquisição de uma língua específica -Chinês, Inglês, etc. A faculdade da linguagem poderia ser pensada como um cardápio de opções gramaticais básicas. Uma dessas opções seria, por exemplo, a ordem na qual sujeito, verbo e objeto são colocados em uma sentença. Na maioria das línguas humanas a ordem adotada é sujeito-verbo-objeto ou sujeito-objeto-verbo, quase nenhuma língua emprega a ordem objeto-sujeito-verbo. Esse cardápio também serviria como uma restrição, definindo quais linguagens somos capazes de aprender. A existência dessa restrição implica que o conjunto das línguas humanas naturalmente possíveis não coincide com o conjunto das línguas logicamente possíveis. Assim como não somos capazes de utilizar a ecolocalização, como Principia 20(2): 255-283 (2016).