Distribuição geográfica da produção e colaboração científica brasileira nas Ciências Biomédicas

Abstract

As Ciências Biomédicas constituem um importante campo de pesquisa no Brasil, tanto pelo estudo de doenças locais típicas quanto pelo enfoque em temas de interesse universal. Este estudo faz inicialmente um levantamento da institucionalização das Ciências Biomédicas no Brasil e, depois, analisa a distribuição geográfica da produção e da colaboração científica dessas áreas no país, a fim de compreender as configurações atuais do campo e a concentração e dispersão das pesquisas no território nacional. Trata-se de uma pesquisa bibliométrica realizada com base nos artigos publicados na última década (2006–2015) por pesquisadores brasileiros em periódicos indexados na Web of Science. Os resultados revelam a concentração da produção em poucos estados, com destaque para São Paulo, presente em quase 50% dos artigos e sendo o mais colaborativo com unidades federativas de outras regiões do país. Outro destaque é o estado do Rio de Janeiro, segundo mais produtivo e responsável, junto com São Paulo, pelos cinco periódicos que mais publicaram artigos da área no período estudado. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina são os estados seguintes em termos de produtividade. Os clusters de colaboração são formados por estados da mesma região ou próximos geograficamente. Pernambuco e Espírito Santo são também unidades federativas com destaque para seus modos de produção e papel de colaboração em seus clusters. Os estados do norte do país são os menos produtivos, seguidos pelos da região Nordeste, o que aponta necessidade de mais políticas públicas para o desenvolvimento científico dessas regiões. Conclui-se que a proximidade geográfica é um fator importante na colaboração e mesmo na produtividade, tendo em vista que estados mais produtivos estão próximos entre si e se mostram bastante colaborativos.

Ações de educação alimentar e nutricional no ambiente escolar: uma revisão de escopo

“…Tais disparidades de produtividade científica não são exclusividade do Brasil, visto que também são comuns entre regiões de outros países em desenvolvimento. Entretanto, em um país tão diverso e vasto geograficamente como o Brasil, a inexistência ou baixa ocorrência de pesquisa em determinadas regiões pode ser sinônimo de não investigação de questões da saúde local -um cenário não positivo e tampouco desejável (Hoppen et al, 2017).…”

cadernos pagu: retrospectiva de 26 anos de produção científica, colaboração e citações

“…Sidone, Haddad e Mena-Chalco (2016) e Hoppen et al (2017) afirmam que mesmo com o crescimento da produção científica brasileira como um todo, há disparidade quando se analisa esse crescimento por regiões e estados. Fato ocorrido devido à forma pela qual se deu a institucionalização do ensino superior no Brasil e, também, como afirmam os autores, pelas desigualdades econômicas e históricas ligadas ao desenvolvimento das regiões e estados brasileiros.…”

Scientific production and most researched diseases in the Biological Sciences postgraduate programs in Brazil

“…In Brazil, regional and state asymmetries regarding scientific production in various fields of knowledge are discussed by many researchers precisely because they demonstrate that the country's scientific production is concentrated in only a few states and regions. (42)(43)(44)(45) Although they are accentuated in this context, asymmetries among Brazilian regions in funding and human resources and the resulting scientific production is not limited to Brazil. The competition for research funding, facilities, and talent is common worldwide, and makes regions and cities, instead of countries, increasingly relevant to the activity of research.…”

“…(50) The concentration of research in the Southeastern states is evidence of the inequality in the distribution of support and the resulting research in Brazil, which is most serious in the North, Central West, and Northeast region. In a study on the scientific production in the Biomedical Sciences, Hoppen, Santin, Correa, and Vanz (45) demonstrated the concentration of documents in certain states in the South and Southeast, with São Paulo leading the number of the scientific production (47.7%), followed by Rio de Janeiro (17.0%), Minas Gerais (13.9%),..Rio..Grande..do..Sul..(12.5%),..Paraná (7.5%), and Santa Catarina (4.7%). The states in the Southern region have a high profile in terms of scientific production from its institutions and postgraduate programs, and are second only to São Paulo, Rio de Janeiro, and Minas Gerais.…”