Distúrbio de voz relacionado ao trabalho: revisão integrativa

Abstract

Resumo Objetivos: identificar e sumarizar evidências de estudos sobre a associação entre trabalho e distúrbio de voz. Métodos: revisão integrativa da literatura publicada nas bases de dados PubMed e SciELO entre 2003 e 2017. Foram elegíveis estudos observacionais, em português ou inglês, disponíveis na íntegra para consulta, que abordassem a frequência de disfonia (prevalência ou incidência). Resultados: foram analisados 47 artigos, a idade media sumarizada dos participantes era de 40,6 anos, 78,7% dos artigos estudaram ambos os sexos e 80,9% pesquisaram professores. A prevalência média de distúrbios da voz associados ao trabalho foi de 44,2% e a incidência de 17,0%. O ruído foi indicado como fator associado à disfonia em 25,5% dos estudos, seguido da carga horária de trabalho extensa (17,0%) e alergias (14,9%). Conclusão: os resultados indicam forte conexão entre distúrbio de voz e trabalho, confirmando a elevada prevalência de disfonia, especialmente em trabalhadores que utilizam a voz profissionalmente, bem como sua associação com fatores da organização e do ambiente de trabalho, contribuindo para: a) fortalecer o reconhecimento formal do distúrbio de voz relacionado ao trabalho; b) oferecer embasamento técnico à legislação; c) reforçar a premência de uma política pública para proteção vocal dos trabalhadores.

Profissionais e futuros profissionais da voz: ambiente de trabalho, hábitos vocais incorretos e queixas vocais

“…Os achados provêm de estudos transversais que fortalecem o nexo entre distúrbio de voz e trabalho e confirmam a alta prevalência desse agravo, especialmente em professores do ensino fundamental, de meia idade e de ambos os sexos. O DVRT associou-se fundamentalmente a fatores do ambiente e da organização do trabalho, especialmente ao ruído e à extensa carga horária, como também a fatores predisponentes concausais, a exemplo de alergias (Jesus, Ferrite et al, 2020).…”

“…Principalmente nesses profissionais, os maus hábitos vocais são realizados frequentemente como, por exemplo, falar muito ao telefone, falar forte, em grande quantidade ou por muito tempo, gritar, dentre outros. Isto pode levar a um distúrbio vocal, sendo que os tecidos das pregas vocais podem ser danificados (Abou-Rafée, Zambon, Badaró, & Behlau, 2018;Jesus, Ferrite, Araújo, & Masson, 2020;Pinho, 2007;Siqueira, Bastilha et al, 2016). As condições de trabalho, ou seja, os aspectos do ambiente de trabalho que compreendem agentes de risco físicos, químicos e biológicos, quando em grande intensidade ou concentração, também podem influenciar a saúde vocal e geral do trabalhador (Abou-Rafée, Zambon et al, 2018;Branco, Silva, Jansen, & Giusti, 2011;Ferreira, Akutsu, Luciano, & Viviano, 2008;Jesus, Ferrite et al, 2020;Karakaya, Karakaya, Tunç, & Kihtir, 2015;Kraemer, Moreira, & Guimarães, 2020;Mango, Carilho, Drabovski, Joucoski, Garcia, & Gomes, 2012;Vilanova, Marques, Ribeiro, Oliveira, Teles, & Silverio, 2016).…”

Factors associated with vocal problems in teachers from Montes Claros, Minas Gerais

“…Diversos fatores podem atuar de forma isolada ou combinada, direta ou indiretamente para o desenvolvimento de um distúrbio vocal, tais como sexo, idade, tabagismo, etilismo, refluxo gastroesofágico (RGE), alergias, além da carga horária semanal, tempo de docência e uso intensivo da voz 1,2 . Esses fatores influenciam a voz dos professores, pois podem ser advindos da falta de conhecimento sobre a saúde vocal ou ainda pela dificuldade de aplicar o conhecimento sobre o que se sabe dos cuidados com a voz na rotina profissional da docência 8 .…”

“…Os professores são profissionais que utilizam da voz como instrumento de trabalho e acabam se expondo ao risco de sobrecarga ou esforço vocal excessivo que pode prejudicar sua capacidade e seu desempenho profissional 1 . Qualquer forma de diminuição ou comprometimento da voz associada à profissão, que dificulte a execução do trabalho é denominada de Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho (DVRT), onde os prejuízos podem ou não alterar organicamente a laringe.…”

“…Os sinais de DVRT podem ser descritos por uma piora na qualidade vocal no decorrer do dia que são provenientes do esforço e da produção da voz durante o trabalho e que variam de acordo com a gravidade do quadro 1,3 . A literatura aponta elevada média de sinais e sintomas vocais entre professores 4 , dentre eles rouquidão, garganta seca, cansaço ao falar e pigarro [4][5][6][7][8] .…”