Toda teoria psicológica, assim como a práxis que dela deriva, apresenta uma antropologia filosófica implícita. Em relação ao domínio da clínica, cujo eixo norteador é o fenômeno humano, entende-se que essa precisa estar embasada em um sólido e rigoroso fundamento antropológico, capaz de abarcar o especificamente humano. Diante disso, esse estudo tem como objetivo apontar para a possibilidade de uma fundamentação antropológico-fenomenológica da clínica, buscando compreender o homem em sua peculiaridade essencial, isto é, o seu caráter espiritual que o institui na qualidade de um ser pessoal e individual. Realizou-se então uma descrição da dimensão do espírito, partindo das análises empreendidas por Edmund Husserl e Edith Stein. Foram utilizadas como fontes bibliográficas as obras: “Ideias Para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológica – livro segundo: investigações fenomenológicas sobre a constituição”, de Husserl, além de “Contribuições para uma Fundamentação Filosófica da Psicologia e das ciências do espírito” e “Ato e Potência” de autoria da filósofa Edith Stein. A partir dessas análises, foi possível concluir que o sujeito da clínica apresenta uma dimensão espiritual, inaugurada através dos atos intencionais, o que o coloca como um ser desperto, consciente, ativo, livre, indeterminado e capaz de formar a si mesmo.