Divisão fisiográfica da bacia do rio Buranhém como subsídio para o planejamento e gestão dos recursos hídricos

Abstract

A análise fisiográfica das bacias hidrográficas e a sua caracterização são ferramentas para a gestão destes territórios. O estudo objetivou avaliar estas características para a bacia hidrográfica do rio Buranhém, no Sul da Bahia, ponderando-as como fatores de impacto ambiental de modo a compartimentalizar a bacia. Realizou-se o processamento do Modelo Digital de Elevação (MDE) e da cobertura do solo cedidos pelo Fórum Florestal do Extremo Sul da Bahia utilizando o software QGIS 2.18. Também foram analisados os dados hidrometeorológicos, de vazão e precipitação disponíveis na rede nacional (Hidroweb/ANA). Os dados foram avaliados por sub-bacia, atribuindo pesos de acordo com o efeito de transmissibilidade superficial da água e concentração do deflúvio, descritos na literatura. Observou-se que bacias alongadas, com baixa cobertura vegetal e relevo acentuado podem ter tendência a inundações devido ao escoamento superficial favorecido, o que resulta em riscos de erosão, perda de solo, assoreamento, comprometimento da qualidade da água e baixa disponibilidade de água ao longo do tempo. A fisiografia se deu com a compartimentalização em quatro sub-bacias de contribuição de acordo com o potencial de impacto nos recursos hídricos, servindo de apoio para a gestão da bacia como território heterogêneo com diferentes tendências naturais e antrópicas.

Disponibilidade Hídrica de uma Bacia Hidrográfica no Sul da Bahia

“…A estação Rubim, mesmo distante da bacia, possui correlação forte com as vazões anuais médias e é a que mais influencia no comportamento das vazões mensais. Destaca-se, portanto, a contribuição do volume precipitado na região oeste da bacia, que apresenta características físicas que contribuem para o escoamento superficial e baixo armazenamento (Silva et al, 2020 Ao observar os coeficientes de determinação das equações, nota-se que a estação Guaratinga, além de apresentar maiores índices pluviométricos durante o período de recessão do hidrograma de vazões (Figura 2), apresentou maior correlação com as vazões anuais. Por este motivo, sugere-se que esta área de influência pode atuar na manutenção do fluxo base das vazões para os períodos secos, uma vez que a formação das chuvas pode estar vinculada às brisas marítimas e à chuva orográfica nesta região da bacia.…”

“…A ramificação na drenagem é especialmente presente nas porções superiores da bacia, com relevo mais acentuado, enquanto o formato alongado é característico em toda a área de estudo. A Densidade de drenagem (Dd), igual a 1,94, indica uma média capacidade de drenagem, que pode favorecer o escoamento superficial e promover a concentração da vazão em alguns trechos do rio, como observado no estudo das subbacias (Silva et al, 2020). Sabendo que bacias alongadas com drenagem ramificada podem produzir baixas vazões e picos de máximas (Gajbhiye et al, 2014), esta análise corroborou para a melhor compreensão do comportamento hidrológico.…”

“…Essas características, assim como o expressivo contingente de turistas quando comparado à população fixa, impõem uma série de desafios para a infraestrutura urbana, especialmente quanto ao saneamento básico em geral, especialmente às outorgas para captação de água e lançamento de efluentes. As características físicas das sub-bacias do rio Buranhém indicam o favorecimento do escoamento superficial e uma tendência a cheias de grande magnitude, o que pode prejudicar a disponibilidade de água tanto em termos quantitativos, como qualitativos (Silva et al, 2020). Além disso, em toda a região do Extremo Sul da Bahia, há uma tendência de redução da descarga fluvial devido ao declínio da precipitação associada ao desmatamento, processos físicos locais e a anomalias climáticas (Genz e Tanajura, 2013).…”