Refletir sobre o processo da alfabetização no Brasil a partir de duas diferentes formas de organização escolar – série e ciclos – representa um movimento histórico de crítica sobre a apropriação da leitura do qual não se pode descuidar. Profissionais de diferentes instâncias precisam ter sempre um olhar cuidadoso sobre o tema e buscar alternativas compartilhadas para enfrentar e superar o analfabetismo desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. No Brasil, a implementação do modelo Ciclos de Ensino, como alternativa ao Regime Seriado, reflete um amplo esforço governamental de intervir no deficitário quadro da educação primária. Por essa razão, a adoção do modelo ciclado provocou grandes mudanças processuais na diretriz político-educacional, posteriormente acompanhada de apoio à formação docente e celebração de pacto para alfabetizar toda a criança até 2024. Baseado em revisão histórico-bibliográfica e dados oficiais, abordamos as políticas educacionais, com ênfase na implantação dos ciclos e seu efeito na alfabetização infantil. Apesar de avanços, principalmente relacionados à formação docente, dados revelam que a maior parte das crianças ainda completa o ciclo de alfabetização sem ter adquirido proficiência em leitura, e um terço tem dificuldade em escrever um texto. Além do alto índice de analfabetismo, os números indicam profundas diferenças inter-regionais e suscitam incertezas sobre a eficiência do modelo de ensino atual.Palavras-chaves: Analfabetismo Infantil; Ciclos de Ensino; Desempenho Escolar; Leitura e Escrita.