No Brasil e no cenário internacional, sobretudo nas últimas três décadas, temse mostrado expressivo o investimento em frentes de pesquisa dedicadas às práticas de leitura e escrita em contexto universitário. Nesse cenário é que veio se instalando uma forte tendência na investigação sobre a escrita de gêneros acadêmicos, em face do processo de construção de conhecimentos que estes envolvem, bem como das especificidades estruturais, lexicais e enunciativas que os caracterizam. Ilustram essa tendência, dentre outros, os trabalhos de . Ainda que não se possa afirmar que esse conjunto de estudos citados comungue um mesmo paradigma epistemológico acerca da escrita, todos eles se mostram marcados por uma preocupação com a formação universitária, no que toca ao processo de leitura e escrita de textos acadêmicos pelos estudantes; nessa medida, neles se denuncia uma intenção de gerar impactos nesse processo.Um dos fortes esteios teóricos para as pesquisas que se debruçam sobre a escrita, seja em contexto universitário, seja em contexto escolar, advém da tradição socioantropológica dos estudos do letramento (STREET, 1984(STREET, , 2003STREET, 2006), cujo impacto no Brasil se revela bastante expressivo em termos dos diálogos com ela construídos (a esse respeito, mencionamos os trabalhos de KLEIMAN, 2003;KLEIMAN;MATENCIO, 2005; CORRÊA, 2011;KLEIMAN; ASSIS, 2016, dentre outros). Sob esse ponto de vista, recusa-se uma visão instrumental dos usos da escrita, o que implica que as práticas de letramento sejam encaradas como atividades transformadoras dos sujeitos que nelas se engajam (GEE, 1996;BARTLETT;HOLLAND, 2002).Na base dessa concepção de letramento, tanto a função social e cognitiva da linguagem, em suas formas de manifestação discursiva, quanto as ações do sujeito (agente imerso em relações sociais) com a (e na) linguagem, mediadas pela escrita, são levadas em conta. Nesse sentido, são produtivos os diálogos que se podem construir (como, de