Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar o lodo de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) de uma cidade costeira e tropical do nordeste brasileiro. Os parâmetros físico-químicos (cor, pH, turbidez, sólidos totais e sedimentáveis, demanda química de oxigênio e alumínio total), análises microbiológicas (coliformes termotolerantes) e ecotoxicológicas (semente de alface - Lactuca sativa) e do microcrustáceo marinho (Mysidopsis juniae) foram analisados em amostras de lodo do decantador e da água de lavagem dos filtros. Como esperado, o lodo do decantador apresentou maior quantidade de sólidos do que o filtro, mas, apesar disso, a concentração total de sólidos no filtro ultrapassou 86 vezes o limite para ser despejado nos corpos hídricos, segundo as diretrizes brasileiras. Além disso, as concentrações de alumínio estavam acima das diretrizes para água doce (910% - lodo do decantador e 210% - lodo do filtro). Em relação à ecotoxicidade, o lodo de ambos os estágios não afetou a germinação das sementes e ainda promoveu o crescimento de 30 a 60% das radículas. Por outro lado, o lodo do decantador mostrou-se significativamente tóxico para microcrustáceos em concentrações acima de 15%. Considerando que esses lodos podem ser lançados diretamente no rio em zona estuarina, destaca-se seu potencial de toxicidade ao meio aquático e a importância do tratamento adequado antes de sua disposição final.