O presente estudo objetivou analisar a inclusão de um estudante surdo universitário no processo formativo em um curso da Engenharia Civil, a partir de diálogos com ele e os profissionais que atuam diretamente em sala de aula pelos caminhos da prática colaborativa em uma universidade federal da Zona da Mata Mineira. A pesquisa empírica foi realizada na disciplina “Edifícios em Concreto Armado” por meio da mediação estabelecida em sala de aula com um estudante surdo universitário, um docente universitário e a equipe dos tradutores e intérpretes de Libras - Português no decorrer do primeiro semestre de 2022. A abordagem deste estudo é de natureza qualitativa, utilizamos um conjunto de instrumentos na produção dos dados: entrevista semiestruturada, observação participante e a técnica de Autoconfrontação Simples de Yves Clot (2010). Para análise dos dados, baseamo-nos na teoria de análise de conteúdo de Bardin (2016) conforme as etapas de pré-análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos dados. Os resultados da análise emergiram em quatro artigos empíricos centrais: “Reflexões de um Docente Universitário do curso de Engenharia Civil sobre a aprendizagem do Estudante Surdo Universitário”; “Trajetória escolar e acadêmica de um Estudante Surdo Universitário no Curso de Engenharia Civil”; “Um olhar dos Tradutores e Intérpretes de Libras-Português sobre o processo de Inclusão de um Estudante Surdo Universitário na Educação Superior Pública” e “Autoconfrontação Colaborativa com um Docente do Curso de Engenharia Civil: Estratégias e Recursos Didáticos para o Estudante Surdo Universitário”. Ao adentrarmos o universo cultural do estudante surdo sobre a trajetória escolar e acadêmica no contexto atual, constatamos desafios e avanços no que tange aos aspectos políticos, linguísticos, culturais, pedagógicos e sociais em sua formação. No ambiente escolar, podemos salientar a ausência do ensino de Libras, o aprendizado tardio do Português escrito como segunda língua, a carência de tradutores e intérpretes de Libras-Português e os recursos didáticos incoerentes às necessidades do estudante. Na academia, constatamos movimentos internos decisivos para garantir as ações de acessibilidades, tais como: a disponibilização do tradutor e intérprete de Libras-Português, a mobilidade intercampi que deu mais segurança ao estudante para permanecer na universidade, a oferta de monitores inclusivos, bolsa de monitoria para o estudante surdo universitário, a fim de convencionar os termos técnicos da área de Engenharia Civil em Libras em razão da carência de sinais científicos em Libras, além de bolsa de alimentação e moradia. Inferimos que a convivência em sala de aula com o estudante surdo universitário foi imprescindível e, a partir dessa interação, tornaram-se necessárias novas compreensões e práticas inclusivas. Portanto, ficou evidente nesta pesquisa que o trabalho empreendido em conjunto demanda um ambiente colaborativo de oportunização do diálogo entre os pares, cuidado com o outro e conhecimentos diversos para atingir o objetivo em comum que é a inclusão e a aprendizagem do estudante surdo universitário. Concluímos que a proposta colaborativa e dialógica na pesquisa possibilitou reflexões e apropriação de conhecimentos de forma conjunta no que diz respeito ao processo de inclusão de um estudante surdo universitário na Educação Superior pública. Palavras-chave: Estudante Surdo Universitário. Inclusão. Diálogo. Prática Colaborativa.