RESUMO: Neste artigo, discute-se a forma como era representada e tematizada a educação de excepcionais (hoje, pessoas com deficiência intelectual), sob o influxo da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), entre as décadas de 1960 e 1970 no Brasil. Para tanto, toma-se o impresso periódico Mensagem da Apae como fonte e objeto de pesquisa, em sua primeira fase de existência (1963-1973), na perspectiva da Nova História Cultural. Pela organização material e textual do impresso, evidencia-se o investimento discursivo como forma de legitimar uma identidade institucional e justificar o trabalho das Apaes com esse público, mediante uma perspectiva pedagógica institucional que visava (re)habilitar, treinar e ajustar o excepcional à sociedade, imputando-lhe uma ocupação laboral, em caráter semiprofissional, desqualificado e repetitivo. Desse modo, a educação ofertada não era um processo consistente de profissionalização, muito menos de escolarização, mas sim uma forma de higiene social. Logo, o foco não estava em formar o cidadão, e, sim, impedir a emergência do delinquente, bem como liberar os pais e familiares que se ocupavam do excepcional para que estes pudessem trabalhar e serem produtivos, com vistas a se impedir a perturbação do progresso nacional e a fomentar uma suposta harmonia do tecido social, em um contexto marcado pelo tecnicismo político-educacional e pela ditadura civil-militar.
Estagiários e professores regentes como agentes do processo de inclusão escolar: problematizando suas (inter)ações Resumo Este trabalho tem como finalidade averiguar o processo de inclusão de alunos com deficiência nas escolas da rede municipal de ensino de uma cidade localizada ao sul do estado de Mato Grosso do Sul, tendo como foco a relação do estagiário com o professor regente. Para isso, realizou-se uma pesquisa qualitativa, com base em estudos bibliográficos e em um estudo de caso, para a investigação de algumas faces desse processo de inclusão. Como instrumento de coleta de dados, empregou-se entrevista semiestruturada gravada com cada um dos participantes, sendo seis professores e seis estagiários que atuaram juntos no ano de 2014 na rede municipal de ensino. Com a análise preliminar das falas, percebeu-se a necessidade de entrevistar a coordenadora técnica da inclusão do município, em função da quantidade de vezes que foi citada pelos entrevistados. Os resultados demonstraram que os professores e os próprios estagiários desconhecem a função destes em relação ao aluno com deficiência. Como resultado, o aluno que deveria estar incluído acaba sendo excluído dentro da sala de aula comum. Assim, defende-se que todos os envolvidos com o aluno com deficiência deveriam exercer um trabalho articulado, pelo qual os agentes escolares se apoiem em prol dos alunos, sejam eles com ou sem deficiência, possibilitando práticas que visem à superação das dificuldades dos alunos e não apenas enfatizem sua deficiência. Palavras AbstractThis work aims to investigate the process of inclusion of students with disabilities in schools of the municipal educational system of a city located in the south of Mato Grosso do Sul State, focusing on the relationship of the trainee with the classroom teacher. To investigate some aspects of this process of inclusion, we carried out a qualitative research, based on published studies and on one case study. As a data collection tool, we used semi-structured interviews recorded with each of the participants, six teachers and six trainees, who worked together in 2014 in the municipal schools. With the preliminary analysis of the speeches, we realized the need to interview the technical coordinator of inclusion of the municipality, considering the number of times she was mentioned by the respondents. The results showed that teachers and trainees themselves are unaware of their roles in relation to students with disabilities. As a result, the student who should be included ends up being excluded in the regular classroom. Thus, it is argued that all involved with the student with disabilities should pursue a coordinated work, by which school officials would support each other in favor of the students, whether with or without disabilities, enabling practices aimed at overcoming the difficulties of students instead of simply emphasizing their disability.
Este texto tem caráter ensaístico. Visa-se apresentar reflexões e proposições, pautadas no materialismo histórico-dialético, sobre o movimento de inclusão escolar de alunos com deficiência e outras necessidades educacionais especiais na escola comum, tal como este vem se configurando, sobretudo, desde os anos de 1990, no bojo das demandas apresentadas pela própria sociedade do capital, ontologicamente excludente e segregadora. Propõe-se que a chamada Pedagogia da Inclusão seja analisada sem perder de vista os pressupostos da totalidade, historicidade e contradição, com vistas à sua crítica superadora.
RESUMO: Este artigo propõe uma reflexão filosófica sobre a inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual por meio de um exercício crítico-dialético, objetivando detectar as contradições do fenômeno estudado. Constatam-se concepções e práticas pedagó-gicas aparentemente inclusivas e democráticas, cuja essência, entretanto, leva à exclusão reiterada desses alunos, em razão de não atendê-los em suas necessidades cognitivas, nem admitirem nenhuma metodologia ou currículo diferenciados, necessários à sua aprendizagem. Conclui-se, assim, que a escola inclusiva, tal como se apresenta hoje, acaba tornando-se reacionária e pouco democrática, diferentemente da escola especial, que se revelava comprometida com o ensino dos alunos com deficiência intelectual. A mudança desse cenário requer uma escola inclusiva que reafirme um compromisso polí-tico, ao resgatar o saber-fazer dos métodos especiais, sem abrir mão de seu legítimo combate contra a segregação educacional e social antes praticada. Palavras-chave: Educação Especial e Inclusiva; Pedagogia Histórico-Crítica; Alunos com Deficiência Intelectual. BACK TO THE STICK'S CURVATURE THEORY: INTELLECTUAL DISABILITIES IN INCLUSIVE SCHOOL ABSTRACT:This article proposes a philosophical reflection about the educational inclusion of students with Intellectual Disabilities by a critical-dialectical exercise, intending to detect the contradictions of the studied phenomenon. Pedagogical concepts and practices are verified although apparently inclusive and democratic, in essence, they lead to repeatedly exclusion of these students, due to not consider their real cognitive needs, nor admit, as a necessary condition for their learning, any form of methodological or curriculum distinction. Thus, the inclusive school as it looks today is reactionary and not very democratic, while the especial school was more committed to the education of students with Intellectual Disabilities. The reversal of this scenario requires an inclusive school that reaffirms a political commitment, rescuing the know-how of the special methods, without giving up its legitimate fight against social and educational segregation practiced before.
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