O artigo busca resgatar algumas contribuições de Alexandra Mikháilovna Kollontai para a teoria sociológica clássica, especialmente as análises sobre as mulheres trabalhadoras nas questões sobre luta de classes, maternidade, família e meios de libertação. Para tanto, o trabalho se divide em três partes, onde se discute o apagamento feminino em posições canônicas para a Sociologia, elementos da biografia de Kollontai e o uso criativo das variáveis “sexo” e “classe” nas análises feitas pela a autora. O objetivo da pesquisa não é esgotar todos os elementos analíticos do pensamento de Kollontai, mas evidenciar a sua criatividade interpretativa nos temas selecionados, destacando a originalidade e especificidades de sua obra. Trata-se de uma contribuição aos esforços contemporâneos, no campo sociológico, de reabilitação de obras femininas e feministas no interior da teoria clássica, assim como de temas marginalizados nesse período, como a família, a intimidade e a subordinação das mulheres. Por outro lado, o retorno às obras de Kollontai fornece respostas críticas aos feminismos sobre as posições periféricas que a situação das mulheres ocupava nas análises marxistas, salientando a centralidade da libertação feminina para a revolução proletária.