O artigo problematiza o conceito de diferença quando apropriado pelo multiculturalismo crítico, pelos Estudos Culturais e pelo pós-estruturalismo, campos teóricos que subsidiam epistemologicamente o chamado currículo cultural da Educação Física. Discorre sobre a noção de diferença adotada pelo pós-estruturalismo para, então, arriscar uma aproximação com o pensamento decolonial materializado na noção de diferença colonial. A proposta não foi sequestrar o conceito de diferença para fechá-lo numa caixa; desejou-se justamente o oposto, fomentar novos diálogos sem desprezar os discursos e as relações de poder que constituem a diferença pós-estruturalista. Ao mobilizar a discussão latino-americana, é possível destacar que a interlocução entre saberes, memórias, histórias, cosmologias e experiências de coletivos postos na diferença colonial proporciona uma compreensão da diferença para além das questões da linguagem, implicada como uma dimensão ontológica, pois a diferença é algo se vive e se sente, é ser. O currículo cultural aciona os campos de diferentes maneiras, seja no início da tematização, quando escuta e percebe a significação dos estudantes sobre as práticas corporais, ou durante a caminhada, quando os professores organizam suas ações didáticas. Além disso, os contextos político e econômico são elementos que atravessam e interferem diretamente nas escolas do chamado terceiro mundo