Estudos indicam que, embora as políticas educacionais implantadas no Brasil desde a década de 1990 tenham em comum o discurso de enfrentamento da exclusão em defesa de uma escola para todos, há um hiato entre a intenção e a realidade. Essa constatação aponta para a importância de pesquisas que se dediquem a conhecer os bastidores dessas políticas de maneira a identificar como são analisadas por aqueles que as vivem, que as materializam em suas práticas educativas. Nessa direção, o presente texto apresenta resultados de uma pesquisa realizada em oito escolas da rede estadual de um município de Rondônia com o objetivo de investigar em que condições ocorreu a implantação do ensino fundamental de nove anos. A partir de uma abordagem qualitativa, os dados foram produzidos com base em análise de documentos, entrevistas individuais e coletivas e registro fotográfico. Os resultados indicam que a implantação da referida política nas escolas investigadas ocorreu de forma intempestiva, sem nenhuma preparação prévia que garantisse alterações dos aspectos estruturais das escolas, adaptações curriculares e/ou discussões/formação com as equipes pedagógicas, professores e comunidades. Revelam ainda que a falta de clareza a respeito das propostas pedagógicas a serem implementadas com as crianças de 6 anos pode antecipar o fracasso enfrentado por um grande contingente de crianças em seu processo de alfabetização.