RESUMO.A aguardente é a bebida fermento-destilada mais importante no Brasil. Caso a concentração de cobre (Cu 2+ ), presente na aguardente, fosse inferior a 2,0 mg L -1 , ela poderia ser exportada para diversos países europeus apesar da Legislação Brasileira permitir um teor de cobre em aguardente igual ou inferir a 5,0 mg L -1 . Este trabalho mostrou que a aguardente contaminada com esses íons em concentrações de 4,0; 7,0 e 9,0 mg L -1 pode ser recuperada utilizando tanto carvão ativo como resinas de troca iônica, podendo reutilizar estes materiais adsorventes. Quando a concentração de Cu , it could be exported to several European countries. This study showed that the sugarcane spirits contaminated with these ions with a concentration of 4.0, 7.0 and 9.0 mg L -1 can be recovered using both active carbon and ion-exchange resins, reusing these absorbent materials. When the concentration of Cu 2+ is equal to 9.0 mg L -1 , active carbon can be reused up to 3 times and ion-exchange resins up to 7 times.Keywords: sugarcane spirit, metallic ions, activated carbon, ion-exchange resins.
IntroduçãoO volume de aguardente produzida, anualmente, no Brasil encontra-se entre 1,3 a 2,0 bilhões de litros, dos quais 90% é aguardente industrial e 10% artesanal. Para atingir tal produção, estima-se que o capital investido seja de 2,0 bilhões de dólares distribuído entre as 5 mil marcas registradas e cerca de 30 mil produtores em todo o país. Esse volume de aguardente garante a segunda posição entre as bebidas mais consumidas pelos brasileiros. É a primeira colocada entre as bebidas destiladas, pois o consumo gira em torno de 70 milhões de doses diárias representando, em média, o consumo anual de 6 L habitante -1 e a terceira bebida destilada mais consumida no mundo, perdendo apenas para a vodca e o soju (bebida asiática à base de sorgo).Apesar desse elevado volume produzido, apenas 10,2 milhões de litros, ou seja, 0,51% do volume total foram exportados em 2004 para mais de 60 países (AZEVEDO et al., 2003; GARBIM et al., 2005;LABANCA et al., 2006;LIMA et al., 2006;MIRANDA et al., 2007;NEVES et al., 2007;VILELA et al., 2007;LIMA et al., 2009) Segundo Faria e Campos (1989), Boza e Horii (2000), Vilela et al. (2007), entre outros, a presença de cobre nas bebidas destiladas ocorre pelo fato de que a maioria dos alambiques são confeccionados com este material, pois é um metal resistente à corrosão, que apresenta boas propriedades de transferência de calor além de catalisar reações favoráveis às características organolépticas da bebida. Caso esses equipamentos não sejam adequadamente higienizados, ocorre a formação do azinhavre, que é um carbonato básico de cobre [CuCO 3 .Cu(OH) 2 ], sobre as paredes internas dos alambiques. O azinhavre é gerado pelos vapores alcoólicos de