O impacto do trauma na infância pode deixar ou não marcas duradouras, manifestando-se em possíveis consequências ao longo da vida. Abordagens psicológicas do inconsciente destacando que experiências traumáticas, como abuso, privação, violência física e negligência, podem afetar tanto o desenvolvimento social quanto emocional da vítima, resultando em transtornos psicológicos. No contexto brasileiro, os maus tratos infantis têm despertado crescente preocupação. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2011, foram notificadas 14.625 ocorrências de violência doméstica na infância e adolescência. O abandono e a violência sexual predominaram entre crianças de 0 a 9 anos, enquanto violências físicas e sexuais foram mais comuns entre os 10 e 19 anos. A maioria dos agressores foi identificada como pais, familiares, amigos ou vizinhos, tornando a violência intrafamiliar particularmente prejudicial devido ao rompimento de confiança com figuras de cuidado. Esta revisão de literatura visa analisar e sintetizar as informações disponíveis sobre a influência do trauma na infância sobre a saúde mental, com foco no contexto brasileiro e nas políticas públicas de saúde relacionadas a esse tema. Realizamos uma busca abrangente em respeitáveis bancos de dados, como PubMed, SciELO, ARCA e CABES Periódicos, utilizando os termos "childhood trauma" e "mental disorders", combinados pelo operador booleano AND. Os resultados indicam que a maioria dos pacientes foi exposta a adversidades na infância, e vários traumas passados mostraram uma associação positiva significativa com várias dimensões dos sintomas atuais. Os estudos destacam que o abuso sexual é um dos principais fatores associados aos transtornos mentais na vida adulta. Quando ocorre durante a infância ou adolescência, os impactos são ainda mais acentuados, pois os eventos traumáticos nessa fase dificultam o desenvolvimento cognitivo e podem levar a uma assimilação mais profunda dos acontecimentos. O expressivo número de adultos que procuram assistência psicológica devido a questões contemporâneas, com possíveis vínculos causais diretos ou indiretos com traumas do passado, destaca a importância da investigação dos traumas na primeira infância. Os artigos selecionados enfatizam a associação desses traumas com transtornos mentais na vida adulta, sublinhando a influência significativa dos estímulos na infância, que possuem uma relevância mais intensa e duradoura. O reconhecimento precoce e a intervenção apropriada desempenham um papel crucial na prevenção e tratamento dos efeitos adversos dos traumas na vida adulta.