A bronquiolite, causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), é a doença mais frequente do trato respiratório inferior em prematuros e a primeira causa de hospitalização de recémnascidos (RN) no mundo. Sem uma vacina contra o VSR para uso populacional, o Palivizumabe (PVZ), um anticorpo monoclonal, tem sido indicado para profilaxia da doença grave por VSR. Beneficiam-se com PVZ crianças menores de um ano de idade, nascidas prematuras com Idade Gestacional (IG) menor ou igual a 28 semanas e crianças com até dois anos de idade com doença pulmonar crônica ou doença cardíaca congênita com repercussão hemodinâmica demonstrada. Este estudo de coorte retrospectivo, analítico, objetivou analisar o adoecimento de crianças prematuras, por complicações respiratórias, nascidas entre 2012 e 2016 em Uberlândia, MG e que não foram contempladas com PVZ. Extraíram-se dados dos prontuários de 504 crianças, tanto no Hospital de Clínicas da Universidade Federal quanto nas Unidades de Saúde do município. A média de idade materna foi de 26,1 anos, 281(55,9%) tinham ensino médio e 274 (55,1%) eram de cor não branca. Tiveram gestações anteriores, 306 (60,7%) mães que realizaram, na gestação atual, média de 7,8 consultas de pré-natal. Maior prevalência (371;73,6%) para parto cesáreo, 255 (50,7%) crianças do sexo masculino; IG média de 34,2 semanas e 385 (76,4%) com baixo peso ao nascer. Identificaram-se 270 (54%) RN com internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI); 284 (58,7%) bebês com, pelo menos, um diagnóstico respiratório na internação e 267 (53,3%) receberam alta hospitalar após sete ou mais dias. Na alta, 186 (36,6%) RN estavam em aleitamento materno exclusivo. Ao longo do primeiro ano de vida, identificaram-se 2.899 atendimentos de rotina e eventuais; média de 5,75 consultas para cada criança. Em 1.437 atendimentos foram diagnosticadas doenças com maior frequência para doenças do trato respiratório 803(55,8%), seguidas das doenças do aparelho digestivo 141(9,8%), doenças nutricionais e metabólicas 73(5%) e doenças do ouvido 72 (5%), respectivamente. Dos 561 episódios de doenças do trato respiratório superior (DTRS), as Infecções das Vias Aéreas Superiores (IVAS) e a nasofaringite aguda (resfriado comum) corresponderam a 477 (85%) episódios. Em relação aos 242 episódios de doenças respiratórias do trato respiratório inferior (DRTI) 105 (29,5%) crianças foram acometidas com 147 (60,7%) episódios de bronquiolite, média de 0,43 episódios. Em 44 (3,33%) atendimentos, houve necessidade de hospitalização, sendo três (0,14%) em UTI. Verificou-se correlação entre o número de consultas eventuais (NCE) e o número de episódios de doenças respiratórias. Crianças com somente fórmula láctea na alta hospitalar tiveram um número médio maior de episódios de doenças respiratórias no primeiro ano de vida. A idade da mãe, o diagnóstico respiratório na alta hospitalar e o NCE apresentaram associação significativa com adoecimento por bronquiolite. As DTRS foram mais frequentes nessa coorte, com média de 2,16 episódios de doença respiratória por ...