Introdução: No modelo para doença hepática terminal (MELD), o uso de fígados de alocação de resgate (RA), aqueles recusados para os cinco primeiros do ranking, apresenta resultados conflitantes na literatura. Objetivo: Análise das características dos diferentes padrões simulados de alocação (padrão vs. resgate), utilizando o índice de risco do doador (DRI), o balance of risk score (BAR) e seu impacto na função do enxerto. Método: Coorte de 233 transplantes hepáticos em adultos, realizados entre 2015 e 2022. Resultados: Características gerais, idade 50,3 ± 11,8 anos; 64,81% CHILD C; MELD na alocação 22,4 ± 7,6. Disfunção inicial do enxerto em 12,45% e não função primária (PNF) em 8,15%; com DRI 1,41 ± 0,32. Transplantes na RA ocorreram em 18,03% (n = 42) dos casos, em pacientes com MELD (18,4 ± 4,8) e BAR (7,1 ± 3,2) significativamente menor em comparação à alocação padrão (23,2 ± 7,9; 9,2 ± 4,2, respectivamente). O DRI foi significativamente maior (p = 0,001) na RA (1,58 ± 0,37). Idade (p = 0,23) e índice de massa corporal (p = 0,85) do doador, tempo de isquemia fria (CIT) (p = 0,10) não apresentaram diferenças entre os grupos. Órgãos de RA vieram mais frequentemente de fora do estado (50% vs. 2,62%) e menos captados pela equipe cirúrgica local (38,1% vs. 79,0%). Disfunção precoce do enxerto (EGD) em 16,67% (n = 7); 14,29% (n = 6) de não funcionamento primário no grupo RA, percentual maior do que no grupo de alocação padrão com 11,52% (n = 22) e 6,81% (n = 13) respectivamente; entretanto não houve diferença com significância estatística (p = 0,052). Não houve diferença na sobrevida em 90 dias (73,81% vs. 72,25%; p = 0,83). Conclusão: Uma estratégia mais frequentemente empregada em pacientes com condições menos graves de acordo com o escore BAR, os enxertos hepáticos em um sistema de alocação de resgate de RA tiveram escores DRI mais altos e não proporcionaram diferença na sobrevida em curto prazo.