Resumo O artigo tem por objetivo contribuir para o mapeamento e as reflexões sobre as mobilidades de populações negras oriundas do continente africano para a América do Sul. Como é sabido, tais rotas se deram (e se dão) de maneira continuada, porém com especificidades, ritmos e características bastante diversos. A partir de dados sobre as mobilidades de cabo-verdianos para países sul-americanos , focando no caso do Brasil, pretendemos demonstrar como tal fluxo se insere em movimentos mais amplos da diáspora cabo-verdiana e se conecta com dinâmicas históricas do lado de lá e de cá do Atlântico, que acabam por moldar as estratégias, os ritmos e as características de tais fluxos ao longo do tempo. Nosso recorte temporal segue a dinâmica já mapeada por historiadores, ou seja, o século XX é nosso cenário a partir das vagas de fluxos de cabo-verdianos que nos trazem até os dias atuais, o que nos permite incorporar movimentos diversos e que não se restringem às migrações, apesar de se interconectarem com estas.