Os cães braquicefálicos são conhecidos por serem mais vulneráveis e sensíveis a lesões oculares, pois nestes pacientes as úlceras costumam progredir para perfurações. O relato a seguir consiste em uma intervenção cirúrgica na córnea e na região intraocular de um animal, canino, da raça Shitzu, fêmea, 4 meses de idade, com lesão ocular grave. A úlcera evoluiu para perfuração, acompanhada de infecção e inflamação avançada, promovendo luxação do cristalino, se deslocando para a parte anterior do olho, perfurando-o. Com isso, o animal apresentava alteração grave, tanto na córnea, quanto intraocular devido à desorganização das estruturas. O paciente foi submetido a ceratoplastia com o curativo oclusivo de pele de tilápia (matriz dérmica 4.0 otimizada), rico em colágeno e com espessura mais adequada para a força mecânica necessária para recuperação do cristalino. O curativo foi suturado com fio de náilon 8.0 em pontos simples separados, proporcionando boa aposição à córnea subjacente. O enxerto foi associado à técnica de retalho de terceira pálpebra para proteger e promover maior pressão entre o enxerto e a córnea. Na avaliação pós-cirúrgica, foi observada a completa reestruturação da córnea, com uma cicatriz que permitia modulação, reestabelecimento da visão e do formato do olho. Todos os parâmetros relevantes para a alta médica foram confirmados e o bem estar animal foi promovido com esta técnica inovadora de enxertia para extravasamento do cristalino.