Esse estudo teve por objetivo central analisar a produção científica das mulheres negras que se destacaram no campo da pesquisa em Educação, e que ascenderam aos mais altos níveis de reconhecimento em produtividade científica no país. Para isso, foram consultados os dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), os Currículos Lattes dessas pesquisadoras; bem como imagens dessas mulheres, disponíveis na internet. O processo por meio do qual se deu a identificação dessas mulheres foi a heteroidentificação étnico-racial virtual. Trata-se de um estudo exploratório de natureza qualitativa, que foi realizado no segundo semestre de 2020. O aporte analítico se situa na análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin. Foram analisados 11 Currículos Lattes de 11 mulheres negras, bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq, na área da Educação. A partir dessas análises, foi possível constatar que, essas mulheres, por meio dos saberes que produzem e das posições acadêmicas que ocupam, realizam um esforço de resistência epistemológica no campo do gênero e/ou da raça. Sustentamos a tese de que essa resistência é verdadeira nos casos das investigadoras negras que se dedicam a produzir conhecimento especificamente para esse(s) campo(s) de pesquisa; mas também é verdadeira tanto no caso daquelas que investigam campos adjacentes, quanto no caso daquelas mulheres negras que investigam temas mais distantes.