Enação e metodologias de primeira pessoa: o reencantamento do concreto das investigações da experiência

Abstract

Nos últimos vinte anos tem se ressaltado nas ciências cognitivas o interesse por metodologias de primeira pessoa para investigar a experiência. Queremos neste artigo interrogar o estatuto epistemológico dessas metodologias, a partir da abordagem da enação. Utilizaremos trabalhos de Varela e de comentadores de sua obra, como Evan Thompson e Antoine Lutz, sobre as metodologias de primeira pessoa. O reencantamento do concreto proposto por Varela para os estudos da cognição se coloca, a nosso ver, para as metodologias de primeira pessoa, a partir da abordagem pragmática da fenomenologia formulada por Depraz, Varela e Vermersch. Buscamos demonstrar que as metodologias de primeira pessoa, assim como toda atividade de conhecimento, possuem um caráter enativo.

Contribuições das ciências cognitivas para o estudo da construção do conceito de justiça

“…Varela (1998) pretende, com ele, preservar a proximidade entre ação e ator, ou seja, a ação está inevitavelmente ligada a um sujeito, mas este não existe independentemente dela (ser = fazer). Ao mesmo tempo, a enação afirma que o conhecimento não depende unicamente de qualidades intrínsecas do que se conhece, pois este é em-agido, nós fazemo-lo emergir (ser = fazer = conhecer)" (Sade, 2009). também é linear.…”

“…Segundo o autor, a proposta enativa de entendimento da cognição traz uma nova perspectiva na qual a mente situada leva à possibilidade de mudanças, inclusive nas relações de poder estabelecidas entre os indivíduos. O artigo de Sade (2009), denominado "Enação e metodologias de primeira pessoa: o reencantamento do concreto das investigações da experiência", consiste em rica contribuição sobre as reflexões das ciências cognitivas decorrentes das metodologias utilizadas para a investigação da experiência. Com o avanço, no fim do século XX, das ciências da mente, uma grande tarefa tem sido abordar a questão da consciência e da experiência; para dar conta dessa empreitada, o autor alerta que as metodologias do pensamento científico tradicional não têm sido adequadas para esse fim que se impôs com o avanço do conhecimento sobre a mente humana.…”

“…Para a finalidade deste estudo, que seria encontrar alguns pontos das ciências cognitivas que podem fornecer subsídios para a compreensão acerca do conhecimento do sujeito sobre a temática "justiça", recortaram-se algumas afirmações do artigo de Sade (2009) que parecem ir ao encontro da hipótese deste trabalho: faz-se necessário entender melhor a concepção que os sujeitos têm de justiça e como essa concepção se constrói, para entender a relação muitas vezes ambivalente que o jurisdicionado mantém com o sistema de justiça.…”

“…Uma das contribuições relevantes, nesse sentido, é o estudo da consciência e, no caso do interesse do presente estudo, a consciência a respeito das implicações subjetivas e práticas da concepção que o indivíduo tem de justiça. Para Sade (2009), a proposta da neurofenomenologia de Francisco Varela implica um método para estudo do que este autor chama de problema difícil da consciência. Os mecanismos funcionais dos processos envolvidos na consciência, que têm sua sede no cérebro e que remetem à discriminação de estímulos, a integração de informações, produção de relatos verbais e controle de comportamento, já são bastante conhecidos pelas ciências cognitivas, e por isso chamados, segundo Sade (2009) de problemas fáceis relativos à consciência.…”

Refletindo as Ciências Cognitivas, Autopoiése, Enação E Experiência: Contribuições De Varela, Maturana E Bateson / Reflecting Cognitive Sciences, Self-Poisony, Enation and Experience: Varela, Maturana and Bateson Contributions

“…Para ele, a proposição de que nas esferas seja da comunicação, organização, pensamento, aprendizado, e evolução, nada acontece sem a informação. Tais leituras envolvem os autores: Humberto Maturana (2001Maturana ( ,1998, Gregory Bateson (2008, 2009,1986 e Francisco Varela (2003Varela ( e 1994.…”