INTRODUÇÃOA córnea é um tecido transparente que contribui com 74% do poder dióptrico do olho. Esta transparência ocorre, principalmente, devido ao controle da hidratação pelo endotélio, realizado pelo sistema de transporte iônico controlado pela enzima Na + /K + -ATPase. A disfunção endotelial, encontrada em afecções como distrofia de Fuchs e ceratopatia bolhosa do afácico ou pseudofácico, reduzem a eficácia da bomba metabólica endotelial resultando em edema e perda de visão (1) . As células do endotélio humano raramente se proliferam in vivo. Devido a esta falta de capacidade proliferativa, o tratamento mais comumente preconizado nos casos de disfunção endotelial com perda de transparência da córnea é a ceratoplastia penetrante (PK) (2,3) . Esta técnica, realizada com o olho aberto, tem como desvantagem maior risco de complicação intraoperatória, maior chance de rejeição ou infecção e pode induzir astigmatismo alto e irregular comprometendo a qualidade visual final (4) .Em 1998, Melles et al., descreveram técnica de transplante de disco lamelar composto por estroma profundo e endotélio (PLK) em humanos, implantado por uma incisão escleral de 9,0 mm, que é suturada posteriormente (5)(6)(7) . Esta técnica se popularizou nos Estados Unidos a partir de 2001 como ceratoplastia endotelial lamelar profunda (DLEK) (5)(6)(7)(8) . As vantagens do DLEK incluem: recuperação rápida da visão, indução mínima de astigmatismo e boa acuidade visual final mesmo com a permanência do estroma do receptor. No entanto, o DLEK necessita de instrumental cirúrgico específico e requer grande habilidade cirúrgica (9,10) . Em 2003, Melles et al., introduziram um avanço na técnica de transplante endotelial: a descemetorrexis, que consistia no desnudamento da membrana de Descemet e endotélio do receptor, preservando o estroma profundo (Descemet stripping endothelial keratoplasty -DSEK) (6,11,12) . Esse avanço tornou a técnica mais acessível e diminuiu o tempo cirúrgico. Após estudo publicado por Price em 2006, que incluiu 200 olhos submetidos a DSEK, esta técnica ganhou muitos adeptos e praticamente substituiu o DLEK (2,12) .
RESUMO