Tendo em vista o cenário de violência policial crescente nas favelas do Rio de Janeiro, a cor dessas vítimas, a circunstância dessas mortes e a forma como as mães dessas vítimas lutam por justiça, os objetivos deste artigo são: i) compreender qual o papel do estigma no engajamento dessas mães em movimentos sociais; ii) observar como essas mulheres ressignificam o estigma que acompanha a morte de seus filhos e, por extensão, a favela e seus moradores. Os dados foram gerados em protestos públicos. A análise partiu da noção de estigma (GOFFMAN, [1963] 2004) e da Análise de Narrativa (BASTOS e BIAR, 2015) e sugere que as mães ressignificam o estigma que atravessa suas vidas, a luta por justiça e os eventos que compõem a morte de seus filhos, conectando-os ao contexto mais amplo de racismo sistêmico, que retroalimenta a violência policial. Esse processo de ressignificação do estigma de ser negro e morador de favela transforma a narrativa dessas mulheres em narrativas de resistência ao racismo.