This article discusses the narrative practices of a Brazilian social movement whose members are the mothers and relatives of young people victimized by police raids into Rio de Janeiro’s favelas. By analysing the narratives produced by activists, we explore how grief is converted into political fight. As we look into how mothers intertwine their individual pain with political activism, we examine (i) how emotions and suffering are organized in their narratives; and (ii) what discursive strategies are used in the process. Data was generated during public demonstrations, and the analysis suggests that it is by turning the pain of a losing a child into political insurgence that mothers narratively organize their emotions. As stories get told, events surrounding the murders are recontextualized and experiences are collectivized. Mothers’ stories become narratives of resistance, which oppose institutional racism, but also narratives of re-existence (SOUZA, 2009), which recast the deaths of their children as an effect of a necropolitical logic of state organization.
Resumo Este artigo apresenta métodos e pressupostos teórico-epistemológicos subjacentes à pesquisa discursiva informada pela Análise de Narrativa, que combina técnicas etnográficas com diretrizes analíticas oriundas das tradições de análises discursivas e da Sociolinguística Interacional. Enfoca especialmente a relação entre o campo supramencionado e a pesquisa social transdisciplinar contemporânea, e toma como exemplos algumas das pesquisas conduzidas no âmbito do grupo de pesquisa Narrativa e Interação Social (NAVIS). Adicionalmente, busca contribuir para o debate provocado pelas crises da validade e da representação, contemplando as repercussões práticas das inovações despertadas pelo cenário da pesquisa qualitativa atual no contexto das pesquisas do grupo.
RESUMO -O presente artigo revisa teoricamente o conceito goffmaniano de estigma -caro aos estudos discursivos e educacionais no Brasil -em um percurso que recupera sua relação com a sociologia do desvio capitaneada por H. Becker e suas raízes na Escola de Chicago. O artigo se propõe a lançar um olhar discursivo sobre tais noções sociológicas, refl etindo sobre os modos como uma análise da fala-em-interação pode ser produtivamente utilizada na sua compreensão. Especifi camente, reivindica-se o uso de categorias de análise oriundas da sociolinguística interacional e da análise de narrativa, tendo em vista a produtividade dessas noções para o exame do trabalho retórico que sustenta o entendimento das noções de desvio e estigma. ABSTRACT -The present paper offers a theoretical literature review of Goffman's concept of stigma, which has been extensively relied upon in discursive and educational studies in Brazil, by highlighting its relation to H. Becker's Sociology of Deviance and its roots in the Chicago School. The paper aims at approaching such sociological notions from a discursive and interactional standpoint. It is specifi cally argued that certain analytical categories drawn from work in both interactional sociolinguistics and narrative analysis can be productively employed to provide a better understanding of the notions of deviance and stigma. PalavrasKeywords: deviance, stigma, face, narrative. IntroduçãoO presente artigo, de natureza teórica, focaliza e articula os conceitos sociológicos de desvio, de Becker (2008de Becker ( [1963), e estigma, de Goffman (1988de Goffman ( [1963), aqui tomados como processos de construção identitária caros aos estudos que se debruçam sobre o fenômeno social da rotulação de grupos e indivíduos. O artigo busca lançar um olhar discursivo sobre essas duas noções, sublinhando os aspectos simbólicos de suas formulações e refl etindo sobre os modos como uma análise discursiva da fala-em-interação pode ser produtivamente utilizada na compreensão da rotulação identitária. Com isso, busca-se argumentar que a refl exão sociológica sobre estigma/desvio pode se benefi ciar da lente discursivo-interacional para observar o trabalho retórico situado que o constrói nas mais diversas situações sociais.Para cumprir esse objetivo, o texto que segue estará organizado da seguinte maneira. Em primeiro lugar, beneficiando-me especialmente dos enquadramentos teóricos presentes na obra de Gilberto Velho (2000, 2003, 2007, apresento breves encaminhamentos da tradição sociológica interacionista, que servem de moldura e contextualização às duas noções centrais em tela neste artigo.Após essa contextualização, localizo e apresento as ideias de Becker, pouco familiares aos estudos discursivos sobre interação, destacando a forma como o autor concebe o caráter negociado e contextualizado da noção de desvio. Para esse autor, os rótulos desviantes são produto de negociações tácitas nos encontros sociais, em que grupos de pessoas, realizando ações conjuntas, decidem e rotulam quem e o que deve ser conside...
Conforme nos ensinou uma vez M. Bakhtin, usar a linguagem é tomar parte em um diálogo. Naturalmente, diálogo não será definido aqui apenas como comunicação local, concretizada na presença real ou imaginada de algum tipo de interlocução. O diálogo de Bakhtin tinha outras proporções: toda enunciação pressupõe, responde, colabora ou polemiza com outras enunciações, anteriores e posteriores, síncronas ou assíncronas, e sempre informadas histórica e ideologicamente. Nesse sentido, usar a linguagem é tomar uma posição e engajar-se em uma disputa de poder.Nos estudos contemporâneos sobre a linguagem, não são poucas as empreitadas como a de Bakhtin, dedicadas a observar as relações entre linguagem, discurso e poder. Pensadores de diferentes tradições de pesquisa, como M. Pêcheux, M. Foucault ou J. Butler, inspiram modelos de interpretação e análise de práticas discursivas que têm em comum o entendimento do mundo social como uma arena de embates para legitimar sentidos.Muitas dessas tradições se empenham em demonstrar como as práticas simbólicas de sujeitos e grupos sociais criam, modelam e sustentam ordens econômicas e políticas, bem como identidades e relações. Mais ainda, os estudos do discurso podem mostrar como sentidos, crenças, valores e rótulos têm seu estatuto parcial e provisório invisibilizado, travestindo-se assim de consenso ou verdade até o ponto de serem vividos como naturais e de legitimarem estereótipos degradantes e hierarquias sociais. Analisar o discurso, nessa visada, é demonstrar os mecanismos históricos, interacionais e textuais que estão na base de processos de fundação, legitimação e dissimulação ideologicamente investidos.Privilegiando-se a potência constitutiva da linguagem, pode-se considerar, ainda, que rastrear os pontos de origem de certos discursos, suas formas de produção, circulação e consumo, contribui para desestabilizá-los. A mesma natureza simbólica dos mecanismos discursivos que cristalizam sentidos e criam consensos possibilita a subversão e o desmantelamento dessas verdades aparentes, a criação de sentidos contestatórios, a reivindicação de identidades alternativas, a desnaturalização de relações assimétricas de poder. Cada vez mais, propostas emancipatórias nos estudos de base discursiva sublinham as possibilidades de resistência, contestação e transformação das relações de opressão.Por isso, e por fim, é preciso concluir que estudar o modo como o poder se constrói e se modifica, é aceito ou rechaçado, é perpetuado ou subvertido, equivale, ao fim ao cabo, a fazer um trabalho político. E esse é o espírito dos trabalhos reunidos nesta edição da Escrita. Resguardadas as diferenças entre as abordagens aqui presentes, os artigos se ocupam de interrogar as perspectivas históricas, culturais e situadas presentes em seus objetos, fazendonos avançar em direção a concepções plurais da vida social.
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